Deus: o bem, amor e paz - o mal, ódio e guerra

Os Livros Sagrados são o conjunto de relatos, o conteúdo de muitos deles remonta aos tempos dos Patriarcas e do deserto e foi transmitido de pai para filho, de família para família, de clã para clã. Embora haja escritas no Sinai que supostamente remontam aos inícios da história de Israel (2000 aC), todavia, por mais de um milênio, tudo foi transmitido oralmente. Documentos escritos só aparecem a partir do tempo de Salomão, embora se tenha notícia que no tempo dos Juizes já haviam relatos escritos de apólogos e crônica. As diversas tribos a quem foi confiada a revelação não viviam em união e nem no mesmo lugar. Assim a tradição oral se efetuou de maneira diferente, conforme a vida e o lugar onde o clã e a tribo viviam. Para especificar, podemos dizer que todas foram retirados da mesma fonte, mas se fracionaram em muitos cursos diferentes para desaguar por fim no mesmo mar. Cada curso colheu, na sua caminhada, um conteúdo próprio e juntos formaram o mar da Bíblia. O livro chamado Bíblia então, começou a ser montado no século III dC e terminou por volta do século VI dC.

Se Deus não queria o ódio nem a guerra... para que nos deu o amor e a paz?

E aquele que ama a Deus amará também a seu irmão. Quem ama a Deus, ama também a seu irmão(1 Jo 4, 20-21). O ensinamento da Sagrada Escritura a respeito disso trata-se como inequivocável. O amor dos próprios semelhantes já é recomendado aos Israelitas: "Não te vingarás nem guardarás rancor aos filhos do teu povo, mas amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Lv 19, 18). Se este preceito, num primeiro momento, parece restrito só aos Israelitas, ele entretanto é entendido pouco a pouco em sentido sempre mais amplo, incluindo também os estrangeiros que habitam no meio deles, na recordação de que o próprio Israel foi estrangeiro na terra do Egito (cf. Lv 19, 34; Dt 10, 19). No Novo Testamento este amor é mandado num sentido claramente universal: supõe um conceito de próximo que não tem fronteiras (cf. Lc 10, 29-37) e estendido também aos inimigos (cf. Mt 5, 43-47).

Se Deus não queria o ódio nem a guerra, para que nos deu o amor e a paz? Para tentar ensaiar uma resposta, trouxe a Bíblia, pois esse livro é dito e tido como sagrado.

A Bíblia alega em tantas passagens que Deus é amor, e que é misericordioso e benévolo. Deus, o Criador delegou ao homem um direito sobre a "natureza" e, por outro lado, esse Deus exige pouco quanto ao respeito a ordem natural, pois ele mesmo na Bíblia, não a respeita. Nas profecias de Ezequiel, Javé fala ao inspirado e descreve o mais belo cedro do Líbano. Nos galhos dessa árvore pousavam todos os pássaros do Céu, sobe seu abrigo ficavam todos os animais, a sua sombra viviam numerosas nações... e, Deus então abate essa árvore por ela apenas, ter crescido além da conta.

Deus criou o Ser Humano a sua imagem e semelhança. Ora, se Deus "é amor", "imagem e semelhança" Sua, então só poderia ser e existir o "amor" e não teria o sentindo do espaço que sua obra fosse tão frágil criatura perdida na imensidão, colocadas como bestas, única executora e tão proprietária do ônus de tanta besteiras no universo.

Mas, a Bíblia em Deuteronômio nos diz: "As coisas encobertas pertencem ao Senhor...

Esse Amor colocado na Bíblia entendo que é mais que um sentimento, significa renuncia e servidão, como na passagem de Abraão que ofereceu Isaac, o seu único filho em sacrifício a Deus, e na passagem do sofrimento inocente de Jó. Quanto mais eu tenho conhecimento dessas parábolas e dessa chamada Fé, eu mais desacredito nesses sentidos que rotulam Deus. Não posso imaginar um deus sarcástico de Abraão, pois Deus sabia que não ia abalar a fé de Abraão, pois justamente, o mesmo já havia recebido de Deus a promessa ao longínquo futuro: "De Isaac sairá uma descendência que terá o teu nome". Também não tenho estrutura mental para aceitar um Deus torturador que traçou o destino de Jó e, desse destino traçado, sabia que jó nunca o negaria e ainda assim, submeteu as mais duras penas (alguns estudiosos da Bíblia já admitem que o livro de Jó são metáforas que se relacionam com o problema do sofrimento humano, posto assim um cenário para uma discussão do problema do sofrimento humano em geral).

Tem uma afirmação que diz que deus traçou nosso destino mesmo antes de nascermos, então, no meu modo de ver, tal afirmação derruba tudo e todo o conteúdo que homem modelador escreveu nesses manuais. Pois, de tal afirmação, não vejo o sentido da oração, de pedir a deus, de justificados em cristo. Não tenho como construir uma estrutura na admissão de um Deus extremamente violento de Gedeão, que arma 300 homens até os dentes e com o poder da fé aniquila um exército de 15 mil homens (pode ser que daí vem os conceitos fundamentalistas das tais odiosas guerras santa). Um Cristo injusto que em seu último suspiro levou com ele um perigoso bandido para gozar das benesses do paraíso. Um Cristo mercador das justificativas do dizimo (Deus é o caminho, mas tem que pagar o pedágio para padres e pastores). Um Cristo intolerante dos bens aventuradas são apenas aqueles que crêem sem ver.

Homens das Pregações e dos conceitos religiosos povoaram o universo de falsas divindades e que inventaram um mundo invisível de espíritos encarregados de governar a Terra. Esses homens audaciosos que ousaram enganar seus semelhantes para servi-los e que arrastaram a ignorância temerosa ao pé dos altares. Apresentando aos homens objetos fora do alcance dos sentidos, forçando a respeitar para se concentrar nesse único fim. Tal é a triste condição do espírito humano, que conhece melhor as revoluções dos corpos celestes do que as verdades que o tocam de perto e que importam em sua existência. Creio que se a promessa da vida eterna fosse arrancada do Cristão, este se revoltaria contra Deus.

Das teorias do Criativismo, da preguiça do raciocínio, pelo FÉnatismo religiosos e de todas as emoções, sem dúvida, o medo é a causa que mais provocou sentimentos no homem primitivo e parece que até hoje provoca reações das mais diversas ao individuo e aí, o Ser Humano aceita tudo sem ou sem muito questionar.

* O medo da morte é a grande motivação para as religiões. Todos morrem. A morte está em toda parte, no dia-a-dia, em epidemias, em catástrofes. A morte que sempre interrompe os planos dos mais prudentes. A onipresente morte. A morte é o preço da vida. Mas ninguém quer morrer. Todos se agarram à vida. É um instinto natural em todos os animais. Mesmo quando a vida é insuportável, os seres se agarram a ela. Seres humanos não podem escapar a esse apego ferrenho. Todos tentam preserva-la a todo custo. *

Mas... se ao morrer a criatura vai ao encontro do Criador, Deus, então por que este medo? Por que chorar a morte?

Se Deus nos deu o amor e a paz, qual é o sentindo então do ódio e da guerra?

A humanidade ainda geme sob o jugo da implacável ambição de um grande número de homens que inundam de interesses e de sangue as tais "ordens", e, os ministros do evangelhos ainda oferecem aos olhos dos Povos, um Deus de misericórdia e de paz.

Tais "erros" produziram e fizeram dos homens uma multidão fanática de cegos. A experiência milenar deviam se fazer ver quantas foram e são as tradições humanas que se tornaram mais duvidosas. A medida que um povo se concentra no culto da FÉ do CONSEGUIR para TER, haverá sempre os "movimentos" vitoriosos das paixões. Manipulando, modelando e saqueando materialmente e intelectualmente as "massas".

Quem teme ao homem arma ciladas, mas o que confia no Senhor está seguro. Prov. 29:25.

Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque o Senhor, teu Deus, é contigo, por onde quer que andares. Jos. 1:9.

No oceano de tantos desencontros e contradições no conjunto e montagem de oratórias que formaram os livros sagrados, há passagens de guerras, batalhas, muito derramamento de sangue e também de muito ódio, mascarados "nas verdades" das buscas dos homens de fé, ao reino de Deus. Isto fica claro quando citam as provações que parecem vir propositalmente para poderem ser vencidas através da virtude da fé e para que, vencendo-as justamente deste modo, o homem possa aprender a viver ainda mais profundamente da fé. Parece também como uma estratégia militar e é isto o que nos diz o livro da Sabedoria: "Foi a Sabedoria que conduziu o homem justo por caminhos direitos, lhe mostrou o Reino de Deus, defendeu-o dos enganadores, e meteu-o num duro combate, para que vencesse" E mais... "A criatura, servindo a ti, seu Criador, torna-se violenta para atormentar os injustos, e torna-se mais benigna para fazer o bem àqueles que em ti confiam...

Há muitas contradições e inconsistências na Bíblia e facilmente pode-se a levar a interpretações como "estratégias militares", pois nesses "idos" eram épocas de conquistas de terras e de povos, que se estendeu até uns dois séculos depois da chegada das Caravelas portuguesas ao Monte Pascoal.

O maior dia que houve no mundo foi aquele em que o sol esteve parado à voz de Josué; e este, em que a Senhora Lua deu a vitória ao seu capitão com pedras, como diz a escritura: Venceu Josué os cinco reis amorreus, e desbaratou inteiramente todos seus exércitos; mas foram muitos mais, diz a Escritura, os que morreram dos inimigos oprimidos das pedras que choveu o céu, que os que mataram os filhos de Israel com suas armas. ...

Davi só com uma pedra derrubou o gigante e pôs em fugida os exércitos dos filisteus. ...

Também há a passagem do profeta Joel que diz que virá sobre a terra de que fala uma gente estrangeira muita e forte e que o seu exército entrará armado de fogo, assim na vanguarda como na retaguarda, e que por meio destas armas e deste fogo a terra, que dantes era um jardim de delícias, ficará a solidão de um deserto. Depois disto descreve o profeta, com a miudeza digna de se ler devagar, o modo e disciplina militar desta gente nas marchas, nas investidas, no bater e escalar os muros, tudo cheio de circunstâncias temerosas, e ameaças de horrores. "Mas a maior e mais formidável de todas é chamar-lhe exército de Deus, e mandado por ele como executor de sua ira".

As batalhas são ganhas ou perdidas odiando as adversidades, os adversários e haja então tanta atrocidades: A que Jeová ordenou que seu povo escolhido cometesse contra outros. Em Deuteronômio, ele ordenou que os israelitas invadissem e destruíssem as nações em Canaã: “e quando o Senhor teu Deus as tiver entregue, e as ferires, totalmente as destruirás; não farás com elas pacto algum, nem terás piedade delas". Em Josué há o relato que os israelitas obedeceram essas ordens prontamente não deixando ninguém com o fôlego da vida e declara que ao fazer isso, estavam simplesmente obedecendo às ordens de Jeová dadas a Moisés.

Nas leis das Causas e Efeitos, como podemos conceber que exista um ser sobrenatural mudando as leis segundo caprichos de sua vontade?

O conceito de deuses e demônios evoluiu com o tempo e criaram uma tal teoria do livre arbítrio para explicar como por exemplo, perguntas parecidas como essa: "Se Deus não queria o ódio nem a guerra... para que nos deu o amor e a paz?", essa idéia central foi passada de geração em geração. Tanto que ninguém nunca questionou ou questiona até hoje essas idéias desenvolvidas pelo homem, geradas principalmente pelo inexplicável.

**Logo alguns perceberam que esses deuses e demônios podiam ser usados de modo lucrativo. Através deles o povo podia ser levado à obediência. Lideres começaram a propagar esse tipo de crença e a gerar demônios aos montes, afinal, era mais fácil controlar uma povo pelo medo do que pela razão. Tanto que, até hoje, existem mais demônios que deuses. O individuo ficava mais fácil de ser manipulado se tivesse medo do sobrenatural e de todos os tipos de demônios que pudessem imaginar.

Cedo surgiu uma classe de pessoas que se diziam mediadoras entre demônios e deuses e o povo. Diziam que tinham poderes especiais para aplacar a ira desses seres terríveis. Deu-se inicio aos rituais. Assim surgiu provavelmente a mágica, o misticismo, pois o povo precisa de um espetáculo para acreditar que alguém tem poderes especiais. E o que era uma simples mágica se tornava milagres incríveis para o cidadão comum, e dado o desejo de impressionar que motiva a maioria dos humanos, esses truques se tornavam milagres cada vez maiores de geração em geração.

Lógico que todo povo, tinha um líder ou líderes. E esses líderes logo perceberam que o poder que os mediadores entre o natural e o sobrenatural tinham sobre o povo podia lhes ser muito útil. Os líderes tinham o poder da força. Podiam obrigar o povo a fazer o que quisessem. No entanto, nenhum líder quer um cidadão rebelde. Quanto mais mansos, melhores. Seria muito mais fácil para eles que os cidadãos aceitassem obedecer de livre e espontânea vontade, e se possível ainda deveriam ficar felizes em fazer a vontade do líder.

Surgiu assim o poder da manipulação. Tudo deveria ser ou era causado por deuses ou demônios. Não existiam causas naturais.

Assim surgiu o respeito dos líderes às autoridades eclesiásticas. O líder tinha a força como poder, mas os mediadores tinham deuses e demônios como ferramentas.

E assim o poder secular e o poder eclesiástico começaram o seu reino.

Todos os atributos da natureza, bons e ruins, vieram desse tipo de criação. **

Segundo os Evangelhos, não conhecemos quase nada sobre o que chamamos "a vida oculta" de Jesus, ou seja, o período que abrange os trinta primeiros anos dos trinta e três em que Cristo viveu.

Diz em Lucas: "Jesus crescia em sabedoria, estatura e em graça, diante de Deus e diante dos homens". Daí, posso concluir que Cristo estava estudando as religiões e os relatos da vinda de um Salvador.

A vinda de Cristo, filho do Criador a este mundo, sofrer e morrer na cruz, derramar seu sangue para nos salvar, minha leitura cética me leva a interpretar como uma certa "justificativa" para aos que questionavam se Cristo era mesmo filho de Deus, por que deixou-se ser crucificado. E, fazendo uma leitura do que é o mundo hoje, a morte de Cristo foi em vão, não nos salvou, pois o mundo está muito, muito pior hoje do que naqueles tempos e os homens continuam os mesmos ou até piores. Por que será que na bíblia se fala mais no demônio do que no espírito Santo?

Deus é o Amor e Demônio é o ódio.

Daí termos que acreditar pela fé ou não acreditar, pois não temos como provar a existência de Deuses e demônios. Eles estão além de nossos sentidos, além do natural. Ou seja, eles são "o sobrenatural".

Mas.. o fato é que nossa mente é consumidora de tantas verdades, crenças e muitos pensamentos. Cada individuo é que determinará o grau de "sentimento" ou importância nesse consumo.

E... Por que é que existe alguma coisa e não nada?

De fato essa questão gerou a preocupação humana de tentar explicar porque as coisas existem. Existe algum sentido para a realidade? Existe algum sentido para a o ódio, para a guerra? Existe algum sentido para a vida, para o amor, para a paz? Por que é que existimos? Ou será que nós somos apenas então somente seres que existem e depois falecem? Por que é que existe alguma coisa e não nada?

Para as respostas a essas perguntas há três fontes especulativas: na filosofia, na ciência e na religião. A religião é uma dessas fontes, não é a única e nem a melhor. Mas, é a mais podero$a, pois a religião, por lidar com coisas que são improváveis, ela tem um ar de mistério muito mais carregado do que a ciência e do que a filosofia. Tudo aquilo que é improvável ganha um ar de encantamento esplendoroso.

Até hoje, a ciência, a filosofia e a religião tem se mostrado impotentes para demonstrar as razões da existência do universo da consciência humana.

Mas vejo a atividade da religião nada mais que um aliciamento, usando da dor, do sofrimento, dos anseios, dos desejos, das esperanças, sonhos, com função de modelagem de varejo.

Como explicar as contradições e tanta atrocidades, derramamento de sangue e também muito ódio nesses livros adorados, tidos e lidos como sagrados?

A formulação dominante das religiões, é sobre os males morais em si, os pecados, enfim. Eles não seriam parte da criação e sim uma corrupção dela, possível de ser levado a cabo por meio daquela faculdade que Deus só concedeu aos homens: O arbítrio, enquanto tal, os males não existiriam em absoluto, apenas em relação ao que foi originado por Deus, ou seja, "se há o mal é porque necessariamente há o bem". É esse o ponto que embaça uma frase celebre de Santo Tomás de Aquino: "Se o mal existe, Deus existe". Raciocínio brilhante, porém incapaz de dar conta de uma monstruosidade como "Auschwitz", em que homens, mulheres e crianças foram dizimadas com métodos industriais. Se esse MAL existiu é porque talvez Deus não existia. Ou então resta a questão: A perguntar-se onde estava Deus nesse momento.

Quando nos deparamos com questões como as deste ensaio e, dependendo das opiniões, fatalmente seremos levado a concluir que não há "a verdade absoluta". Pois nesse sentido, se formos buscar na própria Bíblia que é a principal fonte do criativismo, nos leva a esta conclusão.

do texto, considerações a:

* José Moreira Silva

** Niède Guidon