ENSAIO SOBRE AS DIFERENÇAS

Sentimento é tudo igual. Que me perdoem os muitos que acreditam não haver diferença entre os sentimentos, mas devo me opor a tal afirmativa, tecendo algumas palavras sobre a diferença entre atração fatal (este sucintamente), paixão avassaladora e o amor.

Qual seria a diferença entre estes três sentimentos?

Atração fatal é só e somente sexo. Fatal no sentido de ser passageiro, de ser derradeiro. É momento, uma noite. Atração de estar atraído por alguém o desejando com sede. Seria como num dia quente sentir-se ávido de sede e ao avistar um lago desejar com cobiça beber de sua água e quando saciado perder o anseio, deixando-o para trás e não mais retornando, sequer uma lembrança.

Paixão avassaladora é corpo e posse. Estado de quem possui uma coisa, de quem a detém como sua ou tem gozo dela, quando se emprega o “meu” a “minha”. Quando um se torna a “posse” e o outro o “possuidor”.

Alguém vive em função do outro alguém desejando ser seus olhos, sua boca, seus ouvidos, sua sombra, como se fosse possível haurir dois seres num só.

Paixão é um vício, na qual há a necessidade de ter ou estar com aquela pessoa, como se não fosse possível viver sem, como se não existisse a possibilidade de apartar-se um do outro.

Já o amor é alma, calmaria. São dois seres como se fosse um só, mas apartados, cada um singularmente. O amor é confiança e temperança.

Enquanto o amor é liberdade, a paixão aprisiona.

O amor é refrigério, a paixão é aflição.

A paixão é um mar em fúria, o amor é o mesmo mar na calmaria. O amor é a brisa, a paixão é um furacão.

O amor é o galho que sustenta e a paixão o espinho que fere. A paixão é egoísta já o amor é abnegado.

O amor é condicional, pois depende de certas condições. Ninguém ama o outro sem desejar a reciprocidade de sentimento, a correspondência mútua de palavras, de olhares, de toques, de emoção. Enquanto a paixão é incondicional, não admite ou não supõe qualquer condição, é imperativa.

A paixão é breve... Chega depois se vai como pensamento. Algumas vezes traz a indiferença quando não se reconhece por quem se apaixonou e, no fim há o esquecimento.

O amor é infindo, indelével. Quando é amor aprendemos a viver com a ausência, com a distância, com as lembranças. Ele ou ela é lembrado cada instante de cada dia de sua vida, até que se deixe de existir. Porque não se morre por amor, mas morre-se com o amor. O amor nos acompanha nas noites solitárias e nas tardes de tempestade.

Quando há opostos existe a paixão, pois no amor existem iguais que compartilham sonhos, sentimentos, ideais.

Na paixão os momentos são intensos, no amor são eternos. O amor é alento, a paixão arrebatamento.

A paixão vem do homem e o amor é do divino... Prenda-me e me apaixonarei, liberte-me e o amarei.

Dedicado aos queridos amigos da Procuradoria Fiscal do Município de Belém, Drs. (a) Nicole Silva, Renan Primavera, Luiz Carlos Nunes, Sérgio Trindade, pela saudável e proveitosa discussão sobre o tema.

Anne Monteiro
Enviado por Anne Monteiro em 19/01/2012
Reeditado em 20/01/2012
Código do texto: T3449783
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