UMA GRÁVIDA MUITO ESPECIAL.

Conversei hoje de manhã com uma colega de trabalho que está grávida de 4 meses. Ela descobriu ontem que tem um cisto no ovário e que está localizado numa região que afetará a cabeça do bebê. Isso resultará numa inevitável deformidade, que poderá ser macrocefalia (cabeça maior do que o normal), problema na face, retardo mental ou outras possíveis anomalias. Imagine como ela se sentiu ao receber do médico esta informação de forma taxativa. O consolo é que a sua formação evangélica traz uma retaguarda, já que, segundo ela, está na Bíblia que crianças especiais só vêm para pais especiais. Ou seja, ao invés de encarar como um peso, uma maldição, ela recebeu a notícia como uma dádiva, um presente de Deus. Ela sabe que este filho (ou filha) exigirá dela e do marido muito mais (e para toda a vida) do que exige uma criança que nasce perfeita. Isso significa mais atenção, cuidados e despesas. A sorte é que estamos em Campinas, num dos maiores centros médicos do Brasil, talvez do mundo, e que temos recursos em profusão para ajudar no que estiver ao alcance da ciência. Mas que será uma barra, será. Aquela alegria única de gestar um novo ser está cravada na inquietude de não saber como será a criança e suas características, atuais e futuras. Este sentimento envolve inclusive certa dose de culpa pela situação, o que é amenizada pela certeza de que trata-se de um privilégio, algo que lhe foi destinado por merecimento. Curioso ver algo que para a grande maioria das pessoas seria um verdadeiro martírio, transformar-se até numa coisa boa, por incrível que possa parecer. Podemos até pensar que esta forma de encarar a realidade trata-se de uma defesa, uma maneira de anestesiar a dor para reduzir suas rebarbas e tantas farpas. A fé neste caso é um bálsamo, que conforta e permitirá conduzir os meses de gravidez com maior ânimo e alegria. Melhor para ela e para o pai. E melhor ainda para a criança, pois está sendo esperada com todo amor e carinho que merece. E que certamente terá.

No dia seguinte, a colega foi à outro médico e, pasme: o primeiro diagnóstico estava errado! Ela terá uma menininha perfeita! Vai entender como um médico (o primeiro) dá uma notícia dessas "com toda certeza". Se fosse outra paciente, poderia fazer uma loucura, como se jogar do alto de um prédio ou até partir para um aborto. Talvez, vai saber, foi um teste de Deus e como ela e o marido reagiram inicialmente de forma positiva, talvez a situação inicial prevista para o casal, acabou tendo outro desfecho. Vai saber.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 16/02/2012
Reeditado em 18/02/2012
Código do texto: T3502907
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