Viver para servir

A rudeza do meu ser tenta se amoldar às pessoas...

ao melhor ângulo do mundo para também aprender.

Não estou aqui para passar despretensiosamente, pela vida;

creio firmemente numa dimensão maior de cada gesto,

de cada aprendizado, como parte do meu crescimento

espiritual e como ser humano, da mesma forma que creio

que não devo me abster de contribuir com o meu quinhão.

Pensando dessa forma tenho observado o mundo

ao meu redor e tenho amado as pessoas como se fossemos

todos verdadeiramente irmãos, porque assim tenho aprendido

ao longo da minha vida, seja por exemplos

colocados à minha frente, seja mesmo

pela minha natureza amante, felizmente.

Embora tenha acuidade suficiente para sentir e entender

o sentimento das pessoas, e embora tenha uma vontade ferrenha

de aprender cada vez mais sobre como se processam

esses movimentos de ida e volta de emoções,

tenho uma enorme dificuldade em aceitar

o que se situa fora dos parâmetros amorosos.

Não tenho sabedoria para lidar com a rejeição,

com ódios e ressentimentos, visto que me sinto

sempre predisposta ao amor, a amizade

ao companheirismo e o bem comum,

por onde quer que eu caminhe.

Dada a imperfeição espiritual que sobejamente

grassa no mundo em que vivemos,

tornam-se incompreensíveis alguns gestos,

como o amor incondicional, puro e sem comprometimento,

a simples cortesia de prestar alguns favores ou delicadezas

no dia a dia, que não onera em nada o

nosso trabalho e a nossa vida.

A descrença total do ser humano em relação

ao outro chega a ser estúpida, não se coaduna

com o que nos é pregado no Evangelho,

e mesmo as pessoas que não têm o Evangelho

como estatuto de vida, têm noções básicas de como

deve ser a convivência no dia a dia, e a convivência

para ser dinâmica e qualitativa deve incluir a troca,

seja de carinho, afeto, amizade e conhecimentos.

Ninguém fica mais pobre se dividir o que lhe sobra

de conhecimento; ninguém fica mais vazio

se distribuir mais calor humano e carinho,

ao contrário, só melhora o mundo ao

seu redor e melhora-se a si mesmo.

Somos todos pedras a sermos lapidadas, e no escorrer

desse rio que é a vida, vamos aparando arestas,

para chegarmos ao nosso destino final.

Passar por essa vida sem sofrimentos é impossível,

entretanto a cada dificuldade vencida saímos melhores

e menos rudes, porque aprendemos um pouco mais.

Meu espírito agregador me impele a sempre me unir

às pessoas com quem me afinizo, entretanto, reconheço

o quanto ainda necessito de aprendizado

e o muito que ainda careço de polimento,

já que meu espírito se ressente e se magoa facilmente

com as coisas mundanas.

Não devemos desistir de buscar sempre um melhor

entendimento, a cada tropeço é preciso se levantar

e olhar adiante e não a pedra que nos atrapalhou

a caminhada, reza a cartilha da boa conduta

e da boa educação que não devemos chutar as regras

e sim entende-las, ainda que precisemos esmiuça-las.

Ninguém passa por esse mundo impunemente,

todos temos aqui muito a aprender, ninguém nasceu pronto.

O convívio com as pessoas, o dia a dia, nas relações

de família, trabalho e lazer nos colocam em situações

de maneira a nos lapidar o espírito.

O ser feliz inclui estar em paz com o mundo

em que nos relacionamos, e cada um de nós

é responsável por um mundo melhor já

que a paz começa dentro de nós mesmos.

O meu ser ainda muito rude me coloca em xeque

em muitas situações, me pede tomada de decisões apaixonadas

e sem reflexão, entretanto meu espírito cristão luta

contra a minha natureza humana, pedindo desesperadamente

que eu aja de acordo com as leis do meu Pai, para

que eu me deixe ser lapidada; afinal essa é a finalidade

para a qual eu vim a esse mundo.

Ainda que eu seja só uma pessoa comum,

cheia de erros, e com poucos acertos,

estou sempre disposta a aprender um pouco

mais, estou sempre me colocando a disposição

dos meus semelhantes para servir, porque

ainda tenho por norma de vida o

Evangelho, e se mais não sei...aprenderei.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 17/07/2005
Código do texto: T35159
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