EXISTE "INVEJA BOA"?

Dizem os estudiosos da psicologia que a inveja, assim como os demais sentimentos próprios do humano, é característica intrínseca a todos nós e que seria no decorrer do encarceramento do ego, com o nortear do super-ego pelo meio social no qual nos inserimos, é que aprendemos a apartá-la.

Ainda outro dia eu aqui manifestava minha opinião sobre a obra da teledramaturgia da hora "FINA ESTAMPA", que confesso que deixei de assistí-la há tempos porque me espantou pela falta de qualidade artística da sua proposta.

Dizia eu no meu texto ' UM MICO DE FINA ESTAMPA" sobre minha decepção com alguns PERSONAGENS interpretados por atores consagrados que não condizem com a história de grandes interpretações de muitos de seus aureos dias, nas obras que antigamente agregavam algo.

Um enredo pobre e cansativo, que em nada encanta como arte.

Interessante a repercussão daquele meu texto sobre algumas pessoas que logo se manifestaram a proteger seus ídolos e a me qualificarem como "invejosa".

Obviamente que me inspirei no fato para escrever.

De fato, como é singular passar pela vida na contra mão de qualquer idolatria e há quem não acredite que tal seja crível e possível.

Se não se trata de inveja também não se trata de presunção e foi

nesse meu sentimento que parei para me analisar neste ensaio.

No vil contexto deste mundo moderno, em que a maioria das pessoas consome o pensamento pronto, se é para se ter inveja, ora, eu sempre peço ao cosmos que me envie uma "inveja boa".

Que seja ela por uma nobre causa!

Como urgenciamos por alguma inveja construtora, que nos seduza a imitar comportamentos agregativos que façam a diferença!

Se nas telinhas a arte imita a vida bom seria se escrevêssemos nas nossas telas do dia- a dia boas histórias por caminhos mais promissores ou utilizássemos nossas indignações para a rejeição de toda e qualquer manipulação do pensamento e dos modelos sociais sentenciados às boiadas da nossa "vida de gado", já tão cantada por Zé Ramalho lá nos velhos tempos. Aliás, tempos sempre modernos.

Que maravilha se, por nossas idolatrias e munidos de inveja boa, pudéssemos vestir, com verdadeiro tecido de fina estampa, tantos reis pelados e desestampados que reinam por aí...