NA INCRÍVEL ERA TIPO "ANDRÓIDE"

Quando eu era criança alguns clássicos filmes e desenhos animados da arte que trabalhava a ficção de vanguarda-hoje obras cults- nos inundavam a imaginação infantil com modelos de seres robóticos futuristas que comandariam o planeta e o íntimo das nossas vidas.

Quem não se lembra do seriado "Perdidos no Espaço' com aquele robozinho simpático e amigo e do desenho animado "Os Jetsons"?

Eu deixava qualquer programação das calçadas para me postar a frente da televisão e com eles viajar pelo espaço modernamente robotizado. Aquilo me encantava...

Aquele futuro ficcionista chegou e hoje a era andróide já se concretizou entre nós.

A mecatrônica a robótica e a ciência da computação já nos permitem que estes "seres máquinas" adentrem nossas vidas à semelhança da biologia comportamental do bicho Homem e tal fato já é realidade marcante em várias áreas do conhecimento científico, aonde já podemos, inclusive, nos substituirmos pela inteligência artificial.

Hoje não se fala em outra coisa e os aplicativos semelhantes à funcionalidade "humana" já os utilizamos até nos celulares de última geração.

Um celular "tipo Homem".

Todavia, o mais interessante desse "fenômeno Andróide" do nosso mecatrônico mundo contemporâneo é que o ser humano denominado Homem também parece abrir mão da sua própria "identidade de espécie" para construir uma "identidade social andróide", que só parece que é humana, cada vez mais longe, todavia, de ser humanizada.

Ainda outro dia, motivada por um assunto duma novela no qual um homem vendeu seu espermatózóide para o irmão vasectomizado fecundar a cunhada, logo me veio esta sensação que aqui ensaio no meu presente texto.

Hoje, em nome da modernidade científica, as crianças nascem sem elo afetivo dos pais, aquele elo que nos remotos tempos acionavam as construções das famílias.

Hoje, na sociedade andróide, tudo parece estar facilmente a venda nas prateleiras dos consumos desenfreados.

Às vezes me pergunto, metafisicamente pensando, não apenas pelo ponto de vista científico da biologia molecular mas também do ponto de vista teológico e holístico, quais seriam as influências das energias vitais e espirituais na concepção dum embrião que foi produzido através da escolha fria das suas características físicas numa vitrine de gametas anônimos, sem o antigo encontro do amor natural entre dois corpos humanos unidos pelas "almas".

Bobagem, é só uma conjectura filosófica.

Eu sei que a colocação do meu pensamento neste meu texto hoje é inconcebível porque está totalmente fora da moda das atuais tendências das provetas, nem sempre nobremente intencionadas.

A fila da ciência andou demais, porém minha condição humana ainda não me permite entender muito bem para qual direção caminhamos.

Outrossim minha opinião, aliás, já nem sei mais se numa sociedade andróide alguém pode emitir uma opinião humanamente genuína, é que a ciência está extrapolando os limites éticos.

O desenrolar sociológico de tais modernidades científicas decerto que não está totalmente previsto pelas ciências humanas que parecem debater as novas questões que se nos apresentam.

Nossa sociedade andróide talvez tenha perdido seu nexo humano paradoxalmente em nome da vontade insaciável do Homem a quem tudo pode mas nem tudo convém, a nitidamente transformar gente em coisas. Contestáveis desejos humanísticos...

Desejos da era andróide que nos coloca- o Homem- bem distante dos seus próprios mistérios existenciais, quiçá mais distante ainda do genuíno projeto e da prima vontade de Deus.