SAI DA MINHA CASA, BÊBADO!

Fui acordado, algumas noites atrás, por alguém gritando na vizinhança a frase acima.

Deviam ser umas 3 horas da manhã.

Fiquei imaginando a cena e pensando sobre seus dois protagonistas.

De um lado, alguém que deve ter perdido seus rumos e limites por conta da bebida e, do outro, alguém que não aguentava mais ver e vivenciar aquela cena grotesca, vomitosa.

Dois lados da mesma moeda, dos lados de um roteiro triste, onde o descanso da noite vem sendo usurpado pelos goles desastrosos de quem sucumbiu aos encantos sorrateiros do copo de bar.

É uma pena imaginar que uma família esteja tendo a sua paz esfacelada a goles certeiros desta droga lícita que a sociedade aplaude, acalenta e dá todos subsídios para que se multiplique exponencialmente, laçando suas vítimas com idade cada vez mais tenra.

É uma pena entender que o sistema pune delitos tão inexpressivos de maneira rápida e exemplar e, no entanto, faz vista grossa para essa máquina de destruir vidas e famílias, que se traveste na publicidade de estandarte de sucesso, alegria e prazer.

Imagino que a cena da madrugada não tenha sido estreiante naquela família e nem, tampouco, será a derradeira.

Que as pessoas que, como eu, foram acordadas pelos gritos também sejam acordadas para brecar a desenfreada ganância e marketing em avalanche que envolve as cervejas principalmente e tantas outras bebidas alcoólicas no nosso país.

Porque, caso isso não venha a ocorrer e quando menos esperarmos, não seremos mais acordados por aqueles gritos.

Porque já estaremos acordados há tempos, berrando a nossa raiva e indignação para os quatro ventos.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 11/03/2012
Reeditado em 25/03/2012
Código do texto: T3547707
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