Choveu dentro de mim

De repente choveu

Dentro de mim, como uma garoa paulistana

Coisa mansa, lenta e derradeira

Que vem chegando assim, como quem não quer nada

E quando a gente repara, já tomou conta de tudo

De repente minha alma inundou

Molhou por dentro, encharcou meus pensamentos

Minha vontade, minha luz,

De repente tudo ficou vazio

Me dei conta de que tantas palavras foram ditas

Sem medida, trazendo tristeza e mágoa para nós dois

E outras tantas, que deveriam ter sido,

Não foram, calaram, emudeceram...

Assim é, e está sendo,

este cálice que vai se derramando entre nós

e nos afastando, pouco a pouco, do que nos uniu no começo

Quando havia sol nos teus olhos

e quando teu riso era música para meus ouvidos

E eu me via em você

como um espelho refletindo a luz

éramos nós dois, amantes, felizes

Distantes do mundo real,

imersos no sonho azul do inatingível

Etéreo, efêmero sentir que nos fez caminhar juntos

de mãos dadas, por tantos caminhos,

e eu nem sei onde foi que isso começou,

ou onde vão dar esses caminhos loucos,

Só sei que agora me deu vontade de não mais falar.

Ficaram mudas as palavras, fez-se o silêncio,

nos meus olhos, até a chuva passar.

cibele aguiar
Enviado por cibele aguiar em 25/01/2007
Código do texto: T357805