AS FRONHAS FALAM POR TI

As fronhas se enfronham nos vãos dos nãos,

fazem seu achado varando medos, vagando nas pelas escorregadias,

são miragens que entoam os gritos desvertebrados da paixão.

Suas fendas são ilhas desnudas e imberbes,

pouco fazem do seu regar, pouco entender do seu gozar,

são lágrimas mundanas só querendo o seu perdão.

As fronhas vivem escorridas, banidas, bandidas,

fazem os passos perderem seus requebros,

fazem o riso ficar ancorado sem fôlego pra parir.

Elas se voltam para Deus como se dele teimassem em fugir.

fazem seus achados sem dopar desejos nem desfalcar medos,

são capazes de ungir o que foram escravo e ainda ser feliz.

As fronhas trazem nos seus cangotes os rabos trêmulos da fé,

são capazes de trazer à vida que jazia inerte desde sempre,

são capazes de cerzir o que estava desgarrado da sua própria alma.

As fronhas vão se arrastando num sopro esquartejado qualquer,

quando suas mãos secam seu óleo, ficam à mercê do que vier pela frente,

quando seu fim se fizer rente, terão por certo a sua sentença cumprida.

Então, esgarçado e disperso, terão aninhado no seu ventre algo que se dizia distante,

poderão, sobretudo, falar aquilo que a voz teimar em vomitar,

poderão, por certo, esquecer o gosto do seu próprio sangue,

e a cor do seu próprio suor,

já que terão penteado cada vão difuso do seu insensato coração.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 16/04/2012
Reeditado em 22/04/2012
Código do texto: T3616324
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