A tênue fronteira da liberdade

Por certo, um dos valores mais caros ao ser humano, a ponto de muitos darem as vidas em sua busca, é a liberdade. Em qualquer regime democrático, bem como na declaração dos direitos humanos, está esse bem, contemplado.

Contudo, definir seu ser, abrangência ou limite, nem sempre é fácil. Tendem as pessoas, a movimentos pendulares, de um extremo a outro; ou ditadura, onde esse valor é mutilado, ou excesso, onde desconhece limites.

Nós, brasileiros, bebemos um pouco de ambos os vinhos. Aquele primeiro, tinto de sangue, deixou marcas que são ainda visíveis, mormente pelos familiares das vítimas dos anos de chumbo. O segundo, branco suave, escoa em todas as torneiras, “como nunca na história desse país”. Que fazer se o “companheiro” cunhou dessa “propriedade intelectual.”

Foi grande a celeuma quando da obrigatoriedade da faixa etária indicativa para as programações televisivas. Ouviram-se vozes bradando contra a censura, evocando o direito à liberdade de expressão, o clássico, “é proibido proibir”.

Muito escutei o argumento que, as TVs, têm um botãozinho liga-desliga, deixando claro com isso, que se alguém discorda ou não gosta, basta desligar. Isso é a liberdade, defendiam.

Costuma-se dizer que “a liberdade de um termina onde começa a do outro”. Ok, mas como identificar essa fronteira? Sentimos-nos totalmente livres para soltar um pum, no banheiro, por exemplo, mas, não em frente a outras pessoas. Daí parece lícito concluir que, a liberdade carece de certa contextualização.

No caso da programação televisiva, por exemplo, nem sempre, pais ou responsáveis estão por perto, e quem disse que a criança, ou o adolescente, em fase de formação psicológica, moral e intelectual, tem condições de valorar o que lhe convém ou não? É lícito a sociedade lançar a erva daninha, delegando ao indivíduo que ainda a desconhece a tarefa de erradicá-la?

Essa hora o pêndulo já pode estar volvendo para o extremo da censura. Ora, não existe um estágio intermediário, que se possa chamar, algo assim, como cautela, prudência?

A questão da liberdade de consciência tem sido motivo de acalorados debates, sobretudo, entre movimentos gays e a igreja evangélica. Claro que não sou imparcial nisso, evangélico que sou! Não vejo a menor condição de tolher os direitos civis aos homossexuais, nem afetivos, que os exerçam livremente segundo suas consciências.

O que tem causado embates, é que, ora querem tolher a mensagem dos púlpitos, dizendo o que podemos pregar; outra, “cristianizar” ao comportamento, reinterpretando a Palavra, fazendo-a contradizer-se.

Nesse caso já não se trata do direito deles serem como são, mas, da privação do nosso de sermos como somos. Crentes na Palavra de Deus, como está escrito. Parafraseando a máxima supra. O direito de eles serem homossexuais, não veta nosso direito de sermos crentes.

Alguns citam poligamia, guerras, escravidão, alimentação proibida, etc. coisas que se verificou ao longo da história e não podemos mais admitir, como prova que a Bíblia pode e deve ser reformada.

Ora, as correções desses fatos que ocorreram “Segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo.” A própria Escritura já traz, deixando patente que não se tratava da Vontade de Deus, mas, de Sua permissão. Ele queria um prédio, mas só dispunha de juncos, suportou uma palafita.

Mas no novo, depois da Pedra Angular assentada, Jesus Cristo, as coisas mudaram. Entretanto, no que se refere ao homossexualismo, seu veto foi reiterado, de modo que o “Melhor Sacrifício”e as “melhores promessas” não abonam isso. Não podemos forçá-los a crer, nem eles, a nos fazer duvidar.

Outra palavra da moda, o bullying, também é um atentado que alguém sofre em sua liberdade, integridade física, moral ou psicológica. Eu mesmo me sinto meio vítima de bullying moral, quando sou forçado a ouvir “músicas” com mensagens pornográficas... às vezes minha vizinhança resolve fazer um churrasquinho e se divertir no fim de semana, poluindo meus ouvidos que gostam de outros manjares, com palavras de baixo calão.

Mesmo tendo infantes vários por perto, os pais “liberais” se divertem ouvindo seus funks “Fica na posição vadia...” e assemelhados, invadindo meu espaço com tal poluição sonora e moral; assim, minha liberdade não é plenamente respeitada.

Acho que a liberdade absoluta sequer existe, nem mesmo Deus a desfruta; uma vez que Ele diz: “Eu velo pela minha palavra para a cumprir”; torna-se “refém” de Sua própria integridade, atento a cumprir o que prometeu.

Dia desses estranhei uma manchete que dizia que Brad Pitt e Angelina Jolie tinham a bênção do movimento gay da Califórnia para se casarem. Fui ler a matéria para entender por que eles precisavam de tal “bênção” e encontrei que o ator, prometeu que só se casaria o dia em que todos os americanos pudessem fazer o mesmo, de modo que, como o casamento gay ainda não vige em todo país, estaria transgredindo o que prometera. Deus não faz assim, mantém Sua Palavra.

É recorrente o exemplo do semáforo onde as cores, verde ou vermelho, dizem qual caminho está livre. Mas mesmo lá, a transição não é assim abrupta, tendo um amarelo intermediário que, se não serve como fronteira fixa, ao menos exorta à prudência, antes de pisar no “estrangeiro”...

Liberdade significa responsabilidade. É por isso que tanta gente tem medo dela. George Bernard Shaw