PERSISTÊNCIA

Persistir exige sangue gelado, para que as emoções não embriaguem a razão.

Também exige fé, muita fé.

Fé em si mesmo, fé no seu caminho, fé no horizonte que virá pela frente, seja ele qual for.

Quase sempre será uma caminhada solitária, em chãos na sua maioria das vezes áridos e tortuosos.

Persistir é para poucos, justamente para aqueles que vão na frente, abrindo trilhas onde só existiam matas fechadas.

É uma sina, um ofício que nasce com a gente, uma teimosia que não dá trégua, nem se vende por quaisquer tostões.

Persistir machuca fundo, demora para sarar e deixa infinitas cicatrizes.

É algo que não tem lógica, nem tampouco motivo para existir.

Mas que existe, existe.

E com o tempo vai ficando mais denso, mais ancorado na alma, se agigantando sem controle, sem cabresto.

Persistir exige fôlego renovado a cada instante, dá calo nas mãos, dá dor nos ossos de tanto forçar os músculos.

Quem está vendo de fora, não imagina os litros de suor jorrados a cada nova empreitada.

Quem está na plateia só espera o final do show para aplaudir ou vaiar.

Quem está de fora certamente sofrerá bem menos, mas não terá o prazer imenso, único e visceral de sentir os ventos da vitória cravando suas garras em toda pele, por dentro e por fora.

Um prazer que Deus só destina a leva a persistência para percorrer as veias misturado com cada gota do seu sangue.

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