A leitura dos clássicos (atualizado)

Numa vasta biblioteca, diante de centenas de obras, uma dúvida paira no ar: qual livro devo escolher? Entre tantas páginas, estardalhaços e novidades qual autores devem ser lidos?

A vida é curta e o tempo é precioso. Não devemos escolher os livros pela sua bela capa, título ou pelo assunto ser moda naquele momento. Devemos escolhê-lo pela sua originalidade e por terem algo realmente importante a ser dito. “Ler pela primeira vez um grande livro na idade madura é um prazer extraordinário: diferente (mas não se pode dizer maior ou menor) se comparado a uma leitura da juventude” (CALVINO, p.7). Uma obra como Dom Quixote de la mancha de Miguel de Cervantes, que influenciou de forma significativa o mundo ocidental, é um grande exemplo de um clássico da literatura universal.

No prefácio de Dom Quixote (editora 34), a professora de literatura espanhola pela USP, Maria Augusta da Costa Vieira considera os leitores tardios da obra de Cervantes, como verdadeiros privilegiados. Muitos estudantes nascidos na Espanha invejariam esse fato, devido o contato tão prematuro que eles possuem com as aventuras do cavaleiro errante. Caso o leitor tenha uma maior maturidade intelectual, um clássico provavelmente será lido de maneira mais aprofundada, porém essa nunca será uma leitura definitiva do mesmo.

Em diversas áreas do saber, os grandes mestres, em sua maioria, foram pessoas que passaram por enormes dificuldades; entre elas, pobreza, doença, fome, poucos alunos e discípulos; sendo que muitas vezes foram duramente criticados ou ignorados pelos seus pares, para em seguida serem aclamados pela posteridade. Enquanto isso, tantos outros ganhavam dinheiro e fama, caindo tempos depois no mais puro esquecimento.

Quando penso num clássico, metaforicamente, me vem à frase do filósofo Jürgen Habermas: “Uma flecha que atira no coração do presente“. Uma obra se torna atemporal não por nos dá respostas, mas porque ela se faz pertinente ao nosso tempo por fazer indagações que ainda nos dizem respeito. Ou nas palavras do escritor italiano, Ítalo de Calvino: “os clássicos servem para entender quem é e aonde chegamos.

Não há nada mais atual e revigorante do que uma boa leitura das obras imortalizadas. Em algum grau, ela deve fazer parte da formação intelectual de qualquer indivíduo, principalmente daqueles que pretendem se aprofundar cada vez mais no mundo das idéias

Inã Cândido
Enviado por Inã Cândido em 26/04/2012
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