MAZELAS DO TEMPO.

O tempo é um cara estranho.

Por vezes seu rumo confiante, atento a tudo e todos.

Por outras vezes, torna-se um ser cambaleante, tonto por si só.

Suas regras são de aço, seu sangue corre sem cabresto,

suas mãos são enrugadas e sofridas como de um nordestino

que vive à espreita de um gole de água.

Mas ele também tem seus medos, como tem.

Quando percebe que seus passos não seguem solitários,

quando sente que outras sombras se acotovelam ao seu encalço.

Nessas horas, vira fera.

E arranca de dentro da sua alma as filigranas obtusas da dor.

Então toda sua majestade cai pelo chão, feito a mais corcunda

mazela que um dia já aportou por aqui.

Assim se percebendo aflito e desparafusado,

o tempo retorna ao ventre que o gerou desatinado como ele só.

E lá ficará até o momento que os ventos se fartarem dessa orgia

em que se enfurnaram quando o Criador distraiu-se de uma vez.

Então todas suas falas e rebarbas se encolherão numa solene despedida.

E ficará assim até quando o todo o sempre desejar.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 21/05/2012
Código do texto: T3679553
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