História

Embora os historiadores devessem contar a história da humanidade, insistem em enaltecer as criaturas mais sórdidas que já puseram os pés nesse planeta; abra um livro de história e encontrará ali, fundamentalmente, uma profusão de políticos, essa classe de parasitas que assola a humanidade desde tempos imemoriais.

De fato, os historiadores quase invariavelmente interpretam a palavra “história” como história do poder, de modo a nos fazer crer que a história consiste em um desfile de criaturas sórdidas a conspirar e a traçar os destinos dos povos. Bajuladores que são, os historiadores tratam de enaltecer esses malditos, pintando-os em coloridos benévolos, expurgando de seus feitos boa parte da iniquidade que, aliás, compõe a quase totalidade de seus atos. Tentam assim nos fazer crer que os políticos de outrora tenham sido diferentes dos nojentos de hoje, quando, de fato, foram sempre a mesma gentalha reles, os mesmos seres vis que acompanhamos quase diariamente nos noticiários, em tempos de imprensa livre, (em outros tempos eles são ainda piores, mas não quando pintados pela imprensa, refém deles mesmos).

Já mostrei algures (Ensaios) que o poder deve ser compreendido com base na teoria ecológica do parasitismo. Embora muito peculiar, por se tratar de uma forma de parasitismo intraespecífico, o parasitismo humano é regido pelos mesmos princípios que regem a evolução de outros parasitas, de modo que o conhecimento do comportamento de criaturas asquerosas como os piolhos, ou as bichas intestinais, nos revelam com precisão o comportamento e as ações de criaturas não menos nojentas, mas ainda mais nefastas: os políticos.

Um tratado que enaltecesse supostas virtudes das gentes encarceradas nas penitenciárias seria, sem dúvida, recebido com escárnio por todos. Os diversos livros versando sobre os políticos e seus atos, no entanto, são recebidos com seriedade, como se os feitos ali relatados fossem menos hediondos que os dos que estão enjaulados nas prisões. Ocorre no entanto, que uma análise imparcial revelaria, mesmo superficialmente, que essa gente é ainda mais nefasta que os criminosos comuns, sendo eles os maiores responsáveis pelas grandes misérias que vemos ao redor.

Quando vemos pessoas sem alimento, passando fome; quando encontramos gentes que não têm onde dormir, que se abrigam à noite em barracos sem esgoto, sem água; quando vemos crianças impossibilitadas de ir à escola, doentes que não conseguem atendimento médico; quando observamos todas essas grandes mazelas espalhadas ao nosso redor, às vistas de todos, não temos nenhuma dúvida de terem sido as personagens que infestam os livros de história as grandes responsáveis por tal estado de coisas. Mas, em vez de denunciar tal situação, em vez de expor esses vermes sob suas feições mais vis, em vez de os comparar às bichas intestinais e a outros que tão precisamente lhes assemelham, os historiadores esforçam-se em deturpar suas feições dando-lhes traços amenos, propiciando-lhes até feições dignas.

Tendo deturpado desse modo as aparências desses vermes, os políticos, apresentam o resultado até a crianças que, por essa razão, crescem, eventualmente, acreditando serem tais parasitas, criaturas aceitáveis e até dignas. Caso um tratado que enaltecesse os atos dos vilões encarcerados em penitenciárias viesse a ser apresentado a crianças em escolas, seria imediatamente rechaçado, com o rótulo de corruptor. Seria enorme indignidade deturpar os fatos mostrando as ações dos vilões de maneira grandiosa, corrompendo assim crianças e jovens, levando-os a cultuar as ações vis cometidas pelos que se encontram sob grades. Com relação aos atos dos políticos, no entanto, tal vileza é aceita, e não apenas permitida, mas incentivada; mais que isso, o ensino de temática tão vil é não só permitido mas obrigatório, imposto a todos os jovens e crianças. O resultado de tal doutrinação acaba sendo a naturalidade com a qual encaramos o atual estado de coisas, tanto o parasitismo dos políticos, quanto as enormes mazelas ao nosso redor!

Essas razões são suficientes para a condenação do ensino da história do poder aos jovens e crianças. Esses deveriam, é certo, conhecer a história da humanidade, mas não a de seus representantes mais execráveis, e sim daqueles que se dedicaram à construção da cultura, do conhecimento, e de tudo o que engrandece a humanidade. A juventude, e mais ainda, a infância, deveriam ser poupados da sordidez dessas criaturas, os políticos.

Proponho assim a execração dos livros de história do poder, a denúncia da vileza dos poderosos e de seus atos vis. Prescrevo também a substituição deles por outros, muito mais construtivos, tratando de todos os feitos que engrandeceram a humanidade. Refiro-me à história das ciências, das artes, da filosofia, da tecnologia; de todo o conhecimento, de tudo o que nos enaltece e apraz.

Quanto aos políticos profissionais, essas criaturas execráveis, devem ser extirpadas de nosso meio, assim como a poliomielite, já quase sob controle, e como já foi feito com a varíola. A eliminação desses parasitas poderá ser conseguida e consolidada com o auxílio das tecnologias "P2P", ou "peer to peer", ou "par em par". São as formas de comunicação utilizadas nas redes sociais. Aperfeiçoamentos simples nesses sistemas nos levarão facilmente a uma democracia direta, à consolidação de nossas vontades, dos desígnios do povo sem a mediação execrável dos parasitas nojentos que tão longa e contundentemente nos infestam e oprimem