Lembranças Encobridoras

     Me deparei estes dias em um dos textos dos meus estudos sobre psicanálise com um artigo sobre “Lembranças Encobridoras”.
     Não demorou muito e lá estava eu, pesquisando sobre o termo e sobre a hipótese de fazer uma analogia com o comportamento na vida adulta e as diversas lembranças infância.
     Minhas conclusões de mera observadora e estudiosa sem pretensões, me levaram a ponderar alguns aspectos.
     Pois bem, o fato de serem nomeadas como “encobridoras” esclarece sua condição inconsciente. Este estado de inconsciência quando devidamente estimulado por imagens, vivências ou recorrências na fase adulta poderia vir a tona, seja sob a forma de sentimentos, emoções ou mesmo símbolos que tentariam demonstrar os afetos que tais vivências causaram nos primeiros anos de vida, sem contudo serem explícitas, causando desta forma a incompreensão do indivíduo.
     Eu até consigo compreender um pouco mais do mecanismo dos “atos falhos” com isto, onde idéias, conceitos, pensamentos e valores indiretos, dentre outros, seriam os verdadeiros responsáveis pela origem de tais lapsos.
     As lembranças encobridoras regem grande parte do comportamento da vida adulta mas como estão “ocultas”, não permitem que se saiba a origem dos sentimentos, medos, traumas, pensamentos etc, o que, aparentemente gera os padrões comportamentais que são frutos de nossos “desejos conscientes” e das nossas escolhas enquanto adultos.
     Por mais que se tente reprimir ou esquecer os desejos, pensamentos e vivências, existem mecanismos que são criados para que o que foi reprimido ou esquecido seja extravasado.
     Alguém aí já falou dormindo? Ou trocou o nome da companheira? Ou virou na rua errada, mas exatamente onde estava sorveteria preferida? Então...
     Os valores mais fortes e que estão gravados na inconsciência surgem sob a forma de troca de termos, de palavras, expressões, sons, etc.
     Os lapsos de fala, por exemplo, demonstram, que nossas intenções nem sempre conseguem ser dominadas por nossa mente pois, assim como habitam o inconsciente, se manifestam, e neste caso, através da fala, sem que tenhamos domínio sobre ela.
     Isto parece demonstrar que as mais rígidas estruturas sociais e morais são traídas diante de um forte desejo inconsciente mas que a todo custo queremos atender.
     Sim, dá medo, mas sempre me pergunto: é melhor saber e tentar mudar mesmo que doa ou ir “levando” na ignorância?
Lembranças encobridoras quando analisadas são na verdade, reveladoras.





 
Edeni Mendes da Rocha
Enviado por Edeni Mendes da Rocha em 18/07/2012
Reeditado em 18/07/2012
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