Liberdade?
" A esperança dança na corda bamba de sombrinha". Esta frase faz parte uma das músicas mais importantes da história do nosso país. Composta pelos grandes músicos, João Bosco e adir Blanc, O Bêbado e a Equilibrista (1979), expressou, principalmente na voz de Elis Regina, a garra do povo brasileiro. Embalou o período da ditadura brasileira, com expressões de liberdade e anistia.
Passados 31 anos, a música ainda continua conhecida. Mas pensamos quais valores ela questiona hoje. Se nós conquistamos nossa liberdade de andar na rua, expressar nossas opiniões contra o governo, contra tudo o que quisermos. Pensamos, será que esta música questiona alguma coisa hoje? O quê?
Dar liberdade mas não dar ouvidos crio que não era a intenção de toda uma geração que lutou por ela. Como exigir rebeldia e mudança dos jovens se hoje podemos falar, mas não somos ouvidos. Que liberdade conquistada é essa?
E os versos "Mas sei que uma dor assim pulgente não há de ser inutilmente", fica a ver navios. Em uma geração que fala, mas não é ouvida é melhor do que não poder falar. A política não oprime, mas também não dá ouvidos.
E como não nos ouvem, não falamos mais. Há uma acomodação na nação. Todo mundo enxerga as falcatruas políticas, os "debaixo do pano", o dinheiro em cuecas. Discutir? Até que discutimos, nos bancos das praças, nas varandas. Mas só falamos.
Uma liberdade que não alcança um fim não é liberdade. Pois então, vamos continuar a canção, "A esperança equilibrista, sabe que o show de todo artista, tem que continuar".