Era uma vez...

Era uma vez eu, eu e tudo, eu e nada. Cada vez que precisava ir de um canto a outro, ou levava tudo, ou levava nada.

E assim, quando levava tudo, sentia todo aquele excesso. Quando levava nada, aquele vazio.

Nunca soube direito administrar aquela bagagem. Na verdade não tem como levar tudo, muito menos nada. Eu sempre levo o suficiente, o quanto minha mente aguenta. Mas mesmo assim, a instatisfação insiste, persiste, me cobra, me pica, me injeta seu veneno.

Gosto assim de coisas não muito práticas, gosto de ensaiar, florear, gosto de romancear. Não tenho encontrado armários suficientes na vida para guardar tantas coisas que venho colecionando ao longo das minhas "viagens".

Não pago passagem nem hospedagem para sonhar. Meu preço é a solidão. Essa eu pago. Mas não gosto.

Queria encontrar um Homem-Armário, que gostasse das minhas bugigangas, que não fizesse conta da bagunça que posso fazer em algumas horas de delírio.

Mas nada é perfeito, esse texto por exemplo é um espelho do que sou agora.

Voando Alto
Enviado por Voando Alto em 16/02/2007
Código do texto: T383346