Buscando ser o que sou
Lí em algum lugar que um sinal de meia idade é quando começamos a pensar mais sobre o que somos, pra onde vamos.
Tenho que admitir que é incontestável.
Pensamos mesmo.
Talvez por que grande parte da caminhada já se realizou e a morte seja algo mais palpável...sei lá, o fato é que tenho me sentido assim:.pensando no que já vivi, no que sou, como estou e para onde vou.
Percebo que boa parte da minha vida caminhei meio às cegas, entre ensaios, tentativas, acertos e erros, buscando a sobrevivência nos desafios diários.
A infância vivida tem a ver com muitas respostas que dei nessa caminhada.
Os personagens que criei, os mitos que busquei, são frutos dos desafetos, da hipocrisia social , do isolamento e do olhar profético que me lançaram quando criança.
A falta de espaço para o diálogo, solidariedade, espontaneidade, a hipocrisia , muitas vezes, me impediram de manifestar afetos, que desapareceram sem serem vivenciados..
Tenho certeza porém que algo em mim é imutável, que nascí do jeitinho que sou e que sou no mínimo co-responsável pela forma que administro essa bagagem que me foi concedida entre o nascer e o morrer.
Nascí com uma carga genética física e psíquica, mas não sou apenas isso.
A sociedade no qual estive ou estou inserida interfere na minha realidade..
Costumo dizer que essa hipócrita sociedade é como que uma figura sem rosto, porém tem olhos enormes e muitos, muitos braços, que interferem na nossa realidade e que nos limita, poda.
Fui,como quase todos, sutilmente criada para ser subalterna e não pessoa livre.
Essa é a família que sofro.
Essa é a família que reproduzí..
Ópto por mudar, transformar.
Porém sair do padrão e do estabelecido, me perturba muito.
Mudanças me deixam ansiosa.
Páro
Planejo
Arrisco
Pois o desejo de liberdade é maior do que o medo.
É hora de refazer meu projeto pessoal.
Quem sabe, na frente, tornar a mudá-lo, por que não?
Kátia Christofoletti
12/03/2007.