Ensaio sobre a guerra

O homem não teme a Deus, nem a natureza, nem muito menos o abismo que é o universo. O homem teme quem lhe é lobo: homem é o lobo do homem. Teme o outro, mas principalmente a si mesmo, sua falta de controle de toda carne que diz possuir. O possuir, o dominar, isso ele conhece melhor do que qualquer outra coisa neste mundo. Talvez por isso tema tanto o outro, ou a si mesmo. E se o outro possuir algo que seja meu? Ou até se uma vaga ideia provinda de sua carne, uma ideia sem sangue azul, de algo que nada pensa, raciocina; e se isso o dominar? E o possuir vira medo de dominação, a dominação vira uma luta para a autoafirmação da força. Em casos mais discrepantes, por que não usar lacaios idealizados por pequenas artimanhas que o homem mesmo idealizou? E assim vemos escravos de dois homens perdendo suas carnes, destruindo espaços que o medo de dominação, sobressaindo ao de zelo pelo que é possuído, deixa destruir. No fim, cada homem, utilizando seus súditos, entrega-se à sorte do destino.

A natureza fez todos, homens, animais, apenas o medo da fome, da presa: medo do fim da vida. Mas o homem, com tua “grande massa encefálica”, mudou essa característica para o medo de dominação. Agora o homem teme mais a vida do que a morte. A guerra, para ele, não tem data, nem hora, nem espaço, nem humor. Teus lacaios não precisam ser outros humanos, podem ser qualquer coisa que possa ferir, lutar: são palavras, gestos, desejos. O homem é a própria paz, o próprio amor; é a própria guerra e o próprio ódio. É o próprio exemplo de ato hipócrita. O homem é o único animal que não evoluiu.

Eduardo D
Enviado por Eduardo D em 11/02/2013
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