Literatura Marginal ou Periférica: A arte dos que remam contra a maré.

Literatura Marginal ou Periférica: A arte dos que remam contra a maré.

Apresentação

O presente trabalho propõe-se a tratar da literatura marginal abordando seu contexto atual no que se refere à sua relevância social, à qualidade estética, ao reconhecimento e à expressão.

1. Introdução

A produção literária contemporânea que se encaixa na vertente hoje denominada literatura marginal ou periférica é a arte daqueles que tem muito nítida a noção de que o patrimônio cultural da humanidade deve pertencer a ela, o que hoje não é realidade e, por isso, a escrita é um espaço de resistência. Aos setores estigmatizados da sociedade é vedada sua história; sua voz é silenciada e, para isso, para oprimir socialmente, os grupos de poder utilizam-se dos mais diversos mecanismos.

Segundo Jameson (1997), “a cultura torna-se parte do mundo dos negócios no período contemporâneo do capitalismo tardio” e é com a consciência disso que os difusores das vozes marginais disputam não só espaços legítimos para produção de discursos, mas também outras concepções de cultura, arte e artista:

[…] o artista-cidadão. Aquele que na sua arte não revoluciona o mundo, mas também não compactua com a mediocridade que imbeciliza um povo desprovido de oportunidades. Um artista a serviço da comunidade, do país. Que armado da verdade, por si só exercita a revolução.(VAZ, 2007, Manifesto da Antropofagia Periférica).

Valendo destacar que

a apresentação das peculiaridades referentes à apropriação da expressão “literatura marginal” por escritores da periferia, à literatura por eles produzida e às conexões que garantiram suas intervenções simbólicas, permite-nos interpretar o fenômenos estudados como um “movimento literário cultural”

(NASCIMENTO, 2006, p. 61).

Dessa maneira, o adjetivo “cultural” aqui empregado vem no sentido de enfatizar o fato de existir um um projeto intelectual que se estende para além dos limites do campo literário, guiando a ação coletiva dos autores engajados nesse movimento.

2. O sistema editorial editorial como instrumento de imposição da cultura dominante

O sistema editorial estabelecido no Brasil, nas diferentes épocas, permitiu e permite de forma muito limitada a exposição dessas vozes dissonantes ao público, por isso produzir e referenciar a literatura marginal faz parte de uma luta contra-hegemônica. Sobre a literatura brasileira contemporânea, podemos confirmar com dados estatísticos a existência desse “crivo editorial”, a partir da pesquisa de Regina Dalcastagnè, professora de Literatura da Universidade de Brasília, que tem como tema: A personagem do romance brasileiro contemporâneo, entre 1990 e 2004. Apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, a professora e um grupo de estudantes de graduação e pós-graduação em Letras criaram um banco de dados de 258 romances publicados no período de 14 anos pelas três maiores editoras do País nas últimas décadas: Companhia das Letras, Rocco e Record. Com base nos dados quantitativos gerados por esse recenseamento literário inédito é possível fazermos recortes de classe, gênero e raça, por exemplo, os quais a própria autora explora em sua produção acadêmica, revelando os estereótipos da ficção brasileira contemporânea e desvelando o preconceito sobre aqueles que estruturalmente estão afastados dos espaços de poder e de produção de discurso. (Fonte: site da APEOESP - Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo).

3. Breve explanação sobre figuras que são expressão no cenário da literatura marginal

Aqui a preocupação consiste em fazer apenas uma breve explanação sobre alguns escritores que ocupam espaços de destaque dentro desta categoria, não havendo maiores aprofundamentos e/ou problematizações quanto ao tipo de representação da voz periférica que marca o estilo de cada um.

3.1 Carolina Maria de Jesus

Autora de Quarto de despejo, Casa de alvenaria, Diário de Bitita e Provérbios e pedaços da fome. Carolina Maria de Jesus, catadora de lixo e moradora da Favela de Canindé, em São Paulo, foi descoberta por um jornalista, que viabilizou a publicação de parte de seus diários, sob o título Quarto de despejo, em 1960. Tendo consciência da desvantagem imposta a ela pela estrutura social vigente, a autora já começa a escrever seus textos com a noção de que precisa se legitimar como escritora recorrendo a gêneros como “diários” ou “testemunho” para respaldar suas narrativas, ocupando um determinado lugar que subsiste de forma implícita para as vozes que representa.

3.2 Paulo Lins

Seu livro Cidade de Deus é um extenso romance, com a pretensão de dar um painel do crime no Rio de Janeiro e não do cotidiano do cidadão da favela. Paulo Lins começou como poeta nos anos 1980 como integrante do grupo Cooperativa de Poetas, por onde publicou seu primeiro livro de poesia: Sobre o sol (UFRJ, 1986). Graduado no curso de Letras, ganhou bastante espaço após ser respaldado por Roberto Schwarz, que escreveu duas páginas na Folha de S. Paulo sobre Cidade de Deus e principalmente após a produção cinematográfica do diretor Fernando Meirelles com base no mesmo livro .

3.3 Ferréz

Em seus primeiros livros, Capão pecado, Manual prático do ódio e Ninguém é inocente em São Paulo, Ferréz em muito se aproximava de Paulo Lins, surgindo logo após a boa recepção acadêmica que este teve com Cidade de Deus, com histórias de jovens moradores de favelas, alguns marginais, e seus desencontros amorosos, porém dando uma ênfase menos crua à violência. Já no último livro, uma coletânea de contos que incorporam a estrutura do rap, o autor muda bastante a perspectiva. O cenário continua sendo a favela, mas não a favela com centro na atuação dos traficantes, seus protagonistas são trabalhadores, a maioria negros, mas para os quais a bandidagem não é destino certo para um morador da favela.

3.4 Sacolinha (Ademiro Alves de Souza)

O autor de Graduado em marginalidade, 85 letras e um disparo, Peripécias da minha infância e estação terminal foi o criador do projeto Cultura Literária no Brasil e dos projetos Varal Literário e Sarau Literário. É ativista do movimento negro e hoje é graduado em Letras pela universidade de Mogi das Cruzes e Secretário da cultura na prefeitura de Suzano, cidade onde mora. Recebeu diversos prêmios, dentre eles o prêmio cooperifa.

3.5 Allan Santos da Rosa

Autor de Vão, Zagaia , coautor, com o fotógrafo Guma, autor de Morada e Da cabula, Allan Santos da Rosa é bacharel em História, mestrando em Educação e pós-graduado em cultura afro pela USP. Escritor do movimento de literatura da periferia paulistana, já publicou poesia, contos e dramaturgia. É organizador do selo Edições Toró, que publica escritos de autores da periferia paulistana, também trabalha como coordenador do núcleo de Literatura da Periferia do Centro de Juventude e Educação Continuada no projeto Ação Educativa em São Paulo.

4. Livros trabalhados em nossa disciplina para abordar a temática da literatura marginal

Em nosso curso a temática foi abordada por meio de um seminário sobre o tema com enfoque nos livros Graduado em Marginalidade de Sacolinha e Da Cabula de Allan da Rosa. Enquanto autênticos representantes não só da corrente literária, mas do movimento como um todo, os dois dão voz aqueles que normalmente são silenciados e que estão longe dos espaços de poder. Dessa forma, colocam essas vozes na cena literária, um espaço legítimo de produção de discurso, por meio da abordagem de temas como o cotidiano do povo pobre, questões de raça, religião, da polícia como instrumento de repressão da população menos favorecida, e, apresentam marcas de oralidade na fala das personagens, principalmente, através das marcações de plural, conjugações e vocabulário. Isso sempre encaixado dentro de um fazer literário de qualidade estética que não deixa a desejar, é literatura engajada sem qualquer teor panfletário, o que poderia dar aos textos algum tipo de prejuízo.

4.1 Graduado em Marginalidade

As personagens principais são: Vander (Burdão), Dona Marina, Jorjão, Dona Carmem, Rebeca, Lúcio Tavares, Escobar, Vladi, Sandrão, João Ligeiro e Pacola.

O Romance narra a história de Burdão (Vander), um jovem de 19 anos que gosta de literatura e de sentir o perfume das flores; em um curto período de tempo ele tem sua vida transformada, sendo esta perpassada por tragédias e sofrimentos. No início da trama Jorjão, pai de Burdão, morre após um assalto.

"- Vandinho, meu filho...

- O que foi, mãe, porque a senhora tá chorando? O que é, fala?

- O seu pai, meu filho...

- Que tem o pai, mãe?

- Ele foi assaltado hoje de madrugada, e os bandidos não conseguiram levar o caminhão, ficaram com raiva e..."(SACOLINHA, 2005, p.10)

Sua mãe, uma mulher muito sofrida, não consegue reagir contra à dor da viuvez, acaba definhando e morre meses depois.

"A felicidade de viver estava ausente na vida de Dona Marina." (SACOLINHA, 2005, p.61)

Além de estar sozinho, Burdão vê sua Vila sendo destruída pela droga, há disputa entre traficantes. Após tomar o lugar de Escobar, Lúcio - um policial- assume o comando do tráfico da região. A vida de Burdão muda de forma alucinante, os amigos não encontram emprego e facilmente adentram o mundo das drogas e do crime. Como represália por resistir à vida do crime, Burdão é preso, perdendo a liberdade, a alegria, o amor e a esperança que carregava sempre consigo. Neste trecho também é marcante o abuso da polícia para com o povo pobre.

"Burdão se levanta e, encostado na parede, diz que não quer surpresa e que não fez bada para estar ali. O policial argumenta que todos que aparecem ali nunca fizeram nada de errado, mas depois que passam pelos métodos dolorosos oferecidos por eles, aí os caras caguetam até a mãe." (SACOLINHA, 2005, p. 87)

A religião do protagonista também é ressaltada ao longo do livro, de modo positivo, há momentos de devoção religiosa (candomblé) e passagens que expressam o respeito do personagem principal por outras crenças religiosas distintas das dele.

(...) – Meu filho, você sabia que Deus está presente em nossas vidas e sabe o que faz? Vander balançou a cabeça afirmativamente, mas na verdade queria dizer que o Deus que ele acredita, se chama Olodumarê, e que não acredita na bíblia, mas respeitou a opinião dela, e além do mais, a senhora estava a fim de consolá-lo. (SACOLINHA, 2005, p.67)

Encarcerado, o protagonista faz “escola”, e na ânsia de combater um mal maior (Lúcio), Burdão decide disputar com o traficante. Após passar por diversas provocações e ataques, ele parte para ofensiva e começa a praticar tudo o que recriminava no passado.

"Bom, antes tinha amor, humildade, pensamentos positivos e compreensão. Mas isso era antes, porque hoje neste exato momento, há o ódio em pessoa." (p.139)

Mas apesar da mudança, fica explícito que esta não interfere nos princípios de Burdão enquanto ser humano, seu ódio é por aqueles que acabaram com a calma do lugar onde cresceu. Pelas leituras que ele faz na prisão, livros que são levados pela namorada Rebecca, podemos ver que a ele é imprimido um certo caráter revolucionário, de alguém que prima pela justiça.

(...) Ela olhou na sacola que carregava e deu um breve sorriso, ali estava o que Vander muito procurava; a biografia de Che Guevara, Carlos Lamarca, Carlos Marighela, Anita Garibaldi, Antônio Conselheiro, João Cândido e Nunes Machado. (...) O que ela não sabe, é que essa pequena compra mudará o futuro de Vander, sendo assim, o destino dela também. (SACOLINHA, 2005, p. 109)

Ao final da narrativa Burdão arma um plano bem sucedido de fuga do presídio e de tomada da chefia do tráfico. Vander desfruta de alguns momentos de glória, mas logo é derrotado: Morrendo ele próprio, seus companheiros e, sua mulher grávida pelas mão de Lúcio e seus capangas.

"Amanhece mais um dia. O cheiro de pólvora abafa o perfume das rosas." (p. 194).

4.2 Da Cabula

As principais personagens são: Dona Filomena da Cabula, Calvino e Adelaide, Professora, Raimunda, Pauline e a Entidade Flores Vermelhas.

A peça narra a história de dona Filomena, uma mulher negra do povo que não tem acesso a escrita. Não tendo apoio do patrão para voltar à escola, a protagonista deixa de ser empregada doméstica, pedindo as contas e indo buscar um canto para morar e um novo trabalho, sua banca de camelô.

ADELAIDE - Calvino, ela quer aprender a ler, quer saber de contrato, viajar em história, em livro.

O marido mastiga, tom de desdém, e fala alto, quer ser ouvido lá longe por Filomena. (ROSA, 2008, cena 1, p.5)

A história marca questões de raça, na cena 7 fala do cabelo de Filomena, da busca pelo padrão de beleza hegemônico (ter que alisar), e tem várias outras passagens que fazem menção à relação entre a situação dos negros no tempo da escravidão e nos dias de hoje: Uma delas é a passagem que fala sobre as negras forras, faz uma relação entre escravidão e trabalho assalariado (diz ter largado da casa grande), essa relação é o ponto alto da presença de uma ancestralidade negra na narrativa.

FILOMENA - Anteontem a professora ditou sobre as negras forras: saíam da coleira do dono, compravam a própria liberdade e depois a a alforria do marido e da filharada. Falou que elas tramavam quilombos na rua, vendendo tudo quanto é coisa, comida no tabuleiro... eu sou uma negra forra?... É pelo menos já larguei a íngua daquela Casa- Grande... (ROSA, 2008, cena 4, p.13).

O próprio patrão da personagem faz essa relação entre trabalho assalariado e escravidão, comparando a empregada à uma escrava, fala uma série de desumanidades e faz o sinal da cruz à mesa, após ter deixado muita comida no prato, o que representa a ideologia dominante de um Estado que na prática tem muito pouco de laico e ainda coloca as práticas cristãs como forma de alguém se redimir.

CALVINO - Como que era o nome daquele barão?... Duque?... Que cozinhou as orelhas do escravo fujão... Ca... não, esse esra outro. Como que chamava mesmo?... Ah, tu não sabes de nada, fica só de novelinha e butique. Não se interessa pelo conhecimento, pela cultura. (enche a boca com uma nova garfada.) Deixa, nome é detalhe. Teve um amigo de vovô, papai que contou: o negão lá queria ler, essa mesma conversa aí... Ele arrancou as pálpebras do cabra, faca afiadinha, não mandou ninguém não: foi e fez... Ué, não queria ver a luz? Então, ficou arregalado noite e dia.

Adelaide enojada se retorce, apoia os cotovelos na mesa, percebe a falta de etiqueta e se recompõe.

CALVINO - Brincadeira, môr... é brincadeira... desculpa.

Calvino termina a refeição, faz o sinal da cruz e deixa o prato na mesa, com muita comida. (ROSA, 2008, cena 1, p.6)

Sem acesso aos discursos do mundo letrado, que organiza a sociedade, Filomena não consegue sequer viver seu encantamento por cinema, a personagem representa os cidadãos que não tem consciência nem dos direitos que lhes são garantidos, na história até mesmo o acesso que ela tem à cidade é muito limitado, de início transita apenas pela casa onde trabalha, depois sua rotina vai de casa para a praça, seu novo local de trabalho. Por isso Filomena tem forte desejo de saber ler e escrever e é nos sonhos que ela o realiza. O acesso a escrita é colocado na história como uma esperança de ela tornar-se dona do seu próprio destino, tendo maior autonomia sobre sua vida e seu corpo.

Por não saber ler, a protagonista, perde o ônibus várias vezes, pega ônibus errado, e assim, várias vezes não consegue ir para escola.

FILOMENA - Por favor, motorista, eu peguei condução errada, para pra eu descer.

MOTORISTA - Ah, minha senhora, não dá pra parar aqui não. A próxima vez a senhora presta mais atenção. Eu vou parar lá na frente. (ROSA, 2008, cena 4, p. 16)

Além destes se depara com outros diversos obstáculos ao buscar a alfabetização, por já estar na idade adulta, não tem habilidades com o lápis, ela treme, tem dificuldade de identificar as formas gráficas aos sons e é forte a interferência da oralidade, no que se refere aos problemas que filomena tem com a língua escrita.

FILOMENA - E essas regras humilhando?... Vou entender nunca... Só serve pra arrochar com a cabeça da gente. Se escrevo 'as faca' não tá na cara que é mais de uma faca? Já tô falando 'as' Mas não, tem que me ter um S lá no fim da outra palavra, obrigação de complicar. E as letra?! Tem cada praga de indecisa: já viu o H? Tem vez que silencia, fica ali só de enfeite. Outra hora vem e chia. depois chega rouca. Dobra a língua. Vich... nem comento do J e do G, do X e do C... Vou tentar não passar do chão da linha, não tremer o lápis. (ROSA, 2008, cena 5, p. 18)

Outra aflição da periferia que está muito presente na narrativa são as cenas do ônibus, Filomena disputa por espaço, dorme quando consegue lugar sentada e inclusive sonha. Esta é uma marca do cotidiano do povo pobre na narrativa. Entre as outras marcas que aparecem temos contato da protagonista com a morte prematura quando encontra, na sua rua, o cadáver de um adolescente, os excessos da polícia, os camelôs, a compra e venda de mercadoria falsificada, de baixa qualidade, mas que, para os que pouco tem, são objetos de valor, a oralidade na fala das personagens.

Ao longo da narrativa, Filomena confessa à amiga Raimunda sua vontade de ser o mar e, ao final, na cena 13, fala para Raimunda que vai para Jabaquara ver o sol desabrochar no mar.

5. Considerações Finais:

O lugar da literatura dentro de uma perspectiva de formação humana

A literatura marginal, entendida muitas vezes como ruptura com o cânone e oposição ao centro, aqui não é vista através deste olhar, mas sim como boa literatura, merecendo assim, lugares de prestígio como a academia e o ensino regular de literatura nas escolas, por ter a mesma qualidade estética de qualquer outra forma literária que serve à formação humana. Esse movimento literário-cultural de forma alguma se contrapõe à tradição, muito pelo contrário bebe nessa fonte ao mesmo tempo que disputa espaço nela. Tendo ainda o diferencial de produzir a voz dos que não tem voz, a literatura marginal cumpre um papel social: amplia a gama de possibilidades de representação, dando à literatura uma pluralidade de perspectivas enriquecedoras, das quais carece por conta da valoração negativa imposta pela cultura dominante por critérios de gênero, raça, e posição nas relações de produção.

Quase sempre expropriado na vida econômica e social, ao integrante do grupo subalterno lhe é roubada ainda a possibilidade de falar de si e do mundo ao seu redor. E a literatura, amparada em seus códigos, sua tradição e seus guardiões, querendo ou não, pode servir para referendar essa prática, excluindo e marginalizando. (DALCASTAGNÉ, 2007, p. 21.)

Desta forma, debruçar-se sobre essa produção, atende a uma preocupação latente, na atualidade, dos estudos literários e do próprio fazer literário: quem tem acesso à voz e o que o silêncio esconde?

A fortuna crítica que se propõe a dar essas respostas já faz isso com muita propriedade, porém, se considerarmos a materialidade da produção artística, vemos que esses estudos ainda são muito incipientes. Há um vasto espaço a ser explorado e também há que se buscar que o reconhecimento acompanhe essa materialidade, dando à literatura produzida pelos grupos marginalizados a valoração negada pela estrutura social no que tange aos espaços historicamente legitimados.

Referências Bibliográficas

CORONEL, Luciana Paiva - “Escrita marginal brasileira no cenário cultural do capitalismo tardio” XII Congresso Internacional da ABRALIC, Centro, Centros – Ética, Estética, Curitiba, julho de 2011.

DALCASTAGNÉ, Regina “A auto-representação de grupos marginalizados” Letras de Hoje. Porto Alegre, v. 42, n. 4, dezembro de 2007.

DALCASTAGNÉ, Regina - “Uma voz ao sol: representação e legitimidade na narrativa brasileira contemporânea”. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, no 20. Brasília, julho/agosto de 2002.

DALCASTAGNÉ, Regina – “Nas tripas do cão: a escrita como espaço de resistência”. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, nº. 29 , Brasília, janeiro-junho de 2007.

DALCASTAGNÉ, Regina – “Entre silêncios e estereótipos: relações raciais na literatura brasileira contemporânea”. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, nº. 31. Brasília, janeiro-junho de 2008.

JAMESON, Fredric. “Pós-modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio.” In CORONEL, Luciana Paiva - “Escrita marginal brasileira no cenário cultural do capitalismo tardio” XII Congresso Internacional da ABRALIC, Centro, Centros – Ética, Estética, Curitiba, julho de 2011.

NASCIMENTO, Érica Peçanha do - “Literatura Marginal:os escritores de periferia entram em cena”, São Paulo, 2006.

ROSA, Allan da. Da Cabula, São Paulo, GLOBAL, 2008.

SACOLINHA. Graduado em Marginalidade, São Paulo, Scortecci Editora, 2005.

SOARES, Mei Hua - “A literatura marginal-periférica na escola”, São Paulo, 2008.

VAZ, Sérgio - “Manifesto da Antropofagia Periférica”, Revista RAIZ, São Paulo, novembro de 2007.

SITE DA APEOESP http://www.apeoesp.org.br/teses-e-dissertacoes/professora-regina-dalcastagne-faz-levantamento-de-personagens-femininas-na-ficcao-brasileira/

Graciela Palacios
Enviado por Graciela Palacios em 12/03/2013
Código do texto: T4184223
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.