O TRABALHO NA SOCIEDADE CAPITALISTA (a partir de uma pergunta de minha filha Natacha)

Numa perspectiva crítica, a sociedade é “modo de produção”, ou seja, vai muito além de sistema. Nela, afora o que se encontra exterior ao homem, tudo é produção. Logo, é a produção o motor da sociedade. Outra verdade consiste no fator histórico, isto, claro, nos leva ao problema de quem gerou a sociedade como tal. Quais são as condicionantes deste ou daquele modelo de organização social.

Entra, aqui, o principal: o trabalho. Ao longo de sua existência, a humanidade tem procurado não só compreender tal fenômeno como produzir códigos e normas a fim de introjetar concepções e punir os desvios. De maneira geral, conforme Sydney S. F. Solis (Trabalho), três atitudes são tomadas em relação ao trabalho: “fator de benefício e engrandecimento; atividade penosa que deve ser realizada em nome do bem comum e maldição da qual é preciso escapar”.

No caso do capitalismo, a interpretação do trabalho como mera mercadoria acarreta uma série de implicações éticas. Visando à riqueza, terras, bancos, fábricas, se apropriam do trabalho alheio, ou seja, exploram este meio de produção a serviço do capital. Nessa engrenagem, são construídas relações, as mais diversas, para sustentar e alimentar o sistema, sobretudo, a dominação e a exploração. No trabalho capitalista aparece um negócio muito esperto chamado “mais valia”. Trata-se do lucro líquido após descontadas todas as despesas. Para onde vai? O bolso do capitalista. O pobre trabalhador, sobretudo assalariado, recebe um valor simbólico de sua produção.

O trabalho ideal, a meu juízo, é aquele no qual não se concretize uma divisão social em classes, no qual a exploração e a dominação sejam eliminadas e que implantássemos “uma ética cultural do trabalho que estabelecesse a liberdade política e democrática de todos os trabalhadores”.