ADOLESCENTE PRECOCE E DAÍ? (OU E DEPOIS)?


No teatro com adolescentes ocorre um extravasar de suas experiências e fantasias que interagem com as personagens do roteiro, que muitas vezes é criado pelos próprios “atores amadores”. Nesta interatividade o psicólogo sai pinçando os traços das experiências do grupo participante, passando este perfil a ser o seu universo de ação, seu ponto de partida, no desvelar dos problemas da comunidade. Pode-se ainda, estabelecer um elo de ligação entre o que é problema de adulto atingindo o adolescente e vice-versa.

O caso em questão, aconteceu no interior da Paraíba durante um trabalho com crianças e adolescentes... Uma parceria com a escola local. Grupo composto de crianças e jovens (sendo mais crianças do que adolescentes) na faixa etária de 9 a 12 anos. A dinâmica seria desenvolvida através de oficinas lúdicas com
representação teatral.

Esse grupo de crianças e adolescentes, através da linguagem oral representada em atuação durante uma peça teatral, colocou em evidência atitudes de sua sexualidade causando admiração na equipe de profissionais que avaliava o grupo.

Aqueles meninos e meninas, de tão tenra idade, revelaram que transavam atrás das moitas próximas a escola rural. Colocaram espontaneamente, o que transpareceu ser uma prática corriqueira e normal entre eles.

Esta informação inicial levou a outros eventos de importância relevante e extraordinariamente importante... Nesta mesma cidade, já havia ocorrido casos de gravidez precoce, que é de risco....

Uma menina de 10 anos e outra de 11 anos engravidaram... Os pais dos bebês? Garotos de 12 anos. Todos foram encaminhados para o Serviço de Referência na Capital do Estado para acompanhamento Psicológico. Os pais foram chamados a participar de grupos de orientação... Muitos não aceitam e acham que é intervenção indevida em suas intimidades e particularidades.

Um garoto de 12 anos ser pai? Uma menina de 10 ou 11 anos ser mãe?... A vida desses adolescentes-crianças será indelevelmente marcada de forma traumática. Mesmo com todo acompanhamento biopsicosocial. Em geral são oferecidas oficinas preventivas de saúde integral, DST ( doenças sexualmente transmissíveis), AIDS dirigidas aos pais e até grupos de adolescentes precoces, quando detectada a prática sexual.

Como reverter esta situação? Continuar as oficinas e intervenções na família... Preparar os pais para entender esta fase do ser social e sexual em formação. Sem repressões explícitas, mediando sentimento de revolta tão comum a esta idade. Porque enquanto os pais, quando se importam, querem reprimir o comportamento, a natureza conspira justamente ao contrário.

Jovens adolescentes querem conhecer e estreitar amizades. Querem descobrir o corpo e sentir. Querem compartilhar estas descobertas contando uns aos outros como foi “masturbar-se”, comparar formas, tamanhos, pelos, ou seja só para descobrir-se, encontrar-se com sua sexualidade em formação. Geralmente estas experiências ocorrem com crianças de mesmo sexo. Mas esta será uma outra história...

É perigoso? Sim... Os pais podem interagir positivamente? Sim... Mas não podem chocar, porque encontrarão mais e mais resistência e rebeldia... O pior de tudo é o bloqueio e o afastamento... Nesta situação os pais não conseguem mais se aproximar dos filhos e a distância incita ainda mais os erros e os traumas...


Texto Inédito!

PROJETO: O ADOLESCENTE QUER SABER (Área da Psicologia do Adolescente).
Marize Morais- Psicóloga Clínica. João Pessoa (PB), 31.03.2007.
Direitos autorais reservados/Lei n. 9.610 de 19.02.1998.

Marize
Enviado por Marize em 31/03/2007
Reeditado em 27/11/2008
Código do texto: T432706
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