Olhos, para que te quero?

Seria para informar o que está nos cercando, envolvendo, contatando... Dando sinal de existência, mas é muito mais. Porque os imitamos. Criamos outros olhos para olhar o que eles nos mostram. O processamento das informações sofre a interferência interpretativa de quem nos mostra com seus próprios entendimentos, suas formas de perceber. Os ruídos são propositais e/ou involuntários, cujo resultado é a formação de opinião sob as lentes dessa cadeia. O fato é que recebemos uma carga de informação visual cuja essência pode conter tantas interpretações que nos chega sob o risco frequente de parcialidade, distorção ou mesmo inverdade. Olhos, para que te quero? Para saber o que é pra saber? Para saber o que agrada ou para saber o que nos deixam saber? ...E saímos aos tropeços, contundentes ou imperceptíveis; deléveis ou marcantes a nos limar a formação, a cristalizar uma forma de ver as coisas via os olhos alheios. O esforço para retornar, para retomar o filtro que nos extraia a vertente original é o questionamento: será que o que vejo é o que se apresenta? ... Ou poderia ser duas; dez versões desta que percebo à primeira vista? Uma boa saída para esta indefinição pode ser um princípio: a mente aberta às aparentemente mais estapafúrdias interpretações. Ver e ouvir outras e até opostas perspectivas e opiniões. O fato é que a cada informação que se nos apresentam o questionamento deverá sempre estar presente. A opção conformista da absorção simples é aparentemente preguiçosa e provavelmente serve apenas para um bem estar que na maioria das vezes é temerário por ser de consequências imprevisíveis em longo prazo, aliás, a única consequência previsível é a desinformação.