Desesperança

O mundo mudou.

Ser homem não desafia mais.

Tanto faz.

Sofro uma sociedade sem regras e sem destino.

Amarguro a expectativa de um planeta à morte.

Sinto o desespero da natureza a esvair-se.

Enlouqueço por sentir-me impotente diante de tudo.

Sou de uma geração inconformada.

Amanheci agarrada a uma árvore para não permitir sua morte.

Aprecio e respeito a natureza.

Ainda contemplo as estrelas, o céu, a lua.

Entrego-me num abraço a uma árvore .

Recebo sua energia, seu cheiro, seu amor.

Encontro-me conversando com pássaros.

Adoro o cheiro da chuva.

Sinto prazer ao caminhar no mato.

Tudo tão perfeito!

O planeta agoniza.

Agonizo com ele.

Falta ar, água, solidariedade e amor.

Falta “homem”.

O olhar é para baixo.

Não mais se contempla o céu.

Não há tempo.

O desespero, a angústia e o desafeto dominam o homem.

Padeço os desatinos do mundo.

Amarguro a desesperança.

Sofro perdas.

Sinto.

Ainda estou viva.