Da masculinidade brasileira...

Éramos mais bravos, frios e calculistas, enfim, mais homens. Não que deixemos de ser ou que apresentamos o risco de extinção da famigerada virilidade. Oxalá reconheçamos que de fato afeminamos, que as mulheres passaram a ter atitudes masculinas ou ainda que o nosso lado sensível têm imperado nos constantes debates da atual sociedade brasileira. Dados concretos e/ou visuais estão em toda parte, considerá-los reais e deixarmos de lado o machismo forçoso é o principal nó. Ainda assim, o absurdo vem absorvendo frestas para uma ampla abertura, no mínimo, o sexo masculino passou a ser flexível... Será o princípio do fim da “Era Machista?”.

Do Oiapoque ao Chuí (mesmo não sendo a maior distância de extremos no país, vale ressaltar que do leste ao oeste há mais estrada a percorrer), o homem se mostrou “forte” e continua sendo; salários mais altos e cargos exclusivos são tidos como prova. O ineditismo passa a dar lugar a várias exceções, gerando tendências que deixam qualquer “cabra-macho” preocupado. Governadoras, prefeitas, juízas (tanto do Poder Judiciário quanto no futebol) e tantos outros cargos “importantes”, mostram que estamos perdendo espaço...

Nossas contas bancárias são conjuntas enquanto as delas são “individuais”... Elas escolhem a casa, o apartamento, o local ideal, o animal de estimação e o nome, a empregada doméstica, o carro, a cor e o que assistir na televisão do quarto.

Os pais de família metamorfoseiam-se em chefes de cozinha, telespectadores de novelas e reality show. Discute com afinco e sã consciência o destino das personagens televisivas. Longe de ser fatalista, o “dono de casa” vai acabar virando moda...

A inversão no “mundo masculino”

No Carnaval passado, figurou em nossas mãos o pandeiro e em nossos olhos as bundas; mulatas fantasiaram-se com roupa nenhuma, artistas e “não-artistas” inebriaram magia na avenida do samba. No entanto, o número de homens seminus desfilando nas “sagradas” passarelas, apresentando corpos sarados, trabalhados horas a fio na academia beirou o descalabro da masculinidade; colocou em xeque (quase xeque-mate) a condição de quem de fato foi o objeto hedônico.

Sofremos hoje de problemas crônicos ou acidentais do hiper-consumismo, desenfreadamente compramos cremes e apetrechos expostos com exclusividade em revistas masculinas, além das horas “proveitosas” no esteticista eliminando os “pés de galinha” do avançar da idade.

Olheiras, singela representação de trabalho duro são inadmissíveis. Camisas suadas foram substituídas por novidades tecnológicas que absorvem e não amassam. As madeixas são aparadas e tinturadas por profissionais de altíssimo nível; massagens são rotineiras e as academias o segundo templo e o primeiro espelho.

Uma das searas que nos separam do “feminismo” é o futebol, algo “só de homens...”. Foi-se a Copa...

Esquecemos o “hexa”, choramos, xingamos com toda sorte de palavras Roberto Carlos e seu “meião” (teria Roberto Carlos tido um surto de vaidade no momento do jogo?), porém, Marta foi eleita a melhor jogadora do mundo, sim, uma brasileira. O futebol feminino brasileiro foi o melhor do mundo, algo surpreendente e que aumenta o imbróglio: Estamos afeminando ou as mulheres estão masculinizando-se?

Por ora, o indireto debate continua e a única e convincente defesa dos “machos” são os cromossomos XY...

Ave Biologia!

Sócrates Simões Ramos
Enviado por Sócrates Simões Ramos em 11/04/2007
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