À PROCURA PELO NOSSO IGUAL

O título deste meu ensaio, de certa forma é algo inapropriado porque quando se trata de seres, não importa a razão tampouco o genero do ser, em apenas se sendo, não existe duas espécimes iguais de existência natural idêntica.

Portanto, num breve ensaio da observação, aqui falo de comportamento humano.

Quem de nós já não observou que as pessoas, no geral, se relacionam por afinidades? Isso, quando se relacionam!

Super natural, algo metodicamente e tão obviamente normal desde os promórdios da vida, que nos chega a despertar uma certa curiosidade: qual seria o código de aproximação pessoal imediata, quase instantãneo, o que identifica, não os totalmente iguais, mas os ao menos razoavelmente muito semelhantes?

Desde as crianças até o avançar da vida adulta, passando pelo relacionamentos afetivos, as pessoas, na verdade procuram pelos seus iguais.

A princípio até se atraem pelas diferenças complementares,"um...ah, ele/ela tem aquilo que eu não tenho...que me completa",e daí surge o encantamento efêmero que logo ensina que para se permanecer algo juntos mesmo, tem que haver afinidades mais complexas.

No reino animal a atração sexual, por exemplo, se dá pelo cheiro característico dos hormonios sexuais, os feromônio, responsáveis pela aproximação e perpetuação das espécies, e se acredita que até no Homem possa ser de tal forma, embora até hoje se estude o fato sem irrefutável comprovação científica.

Todavia, o comportamento das relações humanas, sempre muito amplas e complexas, vai muito além da instintiva atração sexual, é preciso uma identidade abstrata de alma, o que " psicanaliticamente" se traduziria na expressão do componente emocional agregado, produto do ego, submetido à modulação do superego e ao devastador domínio da inconsciência do " id", estrutura adquirida precocemente e trabalhada durante a vida toda a partir dos valores culturais dum espaço de tempo definido.

Outrossim, as semelhantes almas, não apenas falo no sentido religioso, se exteriorizariam e se agregariam pelo modo de sentir, entender, processar, interagir e se expressar no meio ao qual se inserem.

Já a atração espiritual, essa é a que me intriga: parece ser algo instantâneo, e perpétuo.

Sinto que identidade de espírito tem uma força magnética tipo " full time".

Talvez seja a própria definição do amor: identidade por semelhança de espírito.

Nesse context, podemos amar o bem e podemos amar o mal.

Por exemplo, a força do bem tem um grande potencial de atração no seu meio, aos poucos sempre encontra seus semelhantes , todavia, o mau caratismo do mal, também se reconhece muito mais imediatamente entre os seus iguais, mas com força e rapidez assustadoras.

Às vezes me pergunto qual seria a substância magnética que o mal exala no meio...seria algo mensurável, tangível, amorfo, inalável, químico ou biológico infectante?

Diante desta observação concluo com a frase que montei pela vida:

As relações humanas desafiam as leis da física: embora num primeiro instante os diferentes se atraem, apenas os semelhantemente iguais permanecem juntos.

Juntos no bem...ou pior ainda, juntos no mal. Só não sei dizer se seria para sempre.

O porquê desta perfeita e rápida dinâmica da identidade, holisticamente personificada em antítese espiritual de opção do livre arbítrio , Freud deixou para Deus nos responder, em alguma dimensão intangível aos nossos parcos sentidos...sempre no atemporal do Seu tempo.

Antítese que talvez só exista no nosso tempo tão restritamente mundano e tão mediocremente temporal.