O TRIO ELÉTRICO E O CARNAVAL DE SALVADOR

Ano – 1950. Trio Elétrico Dodô e Osmar. Inicia-se a folia. A fobica enfeitada de cores, embandeirada. Em destaque o ano, letras vermelhas bem grandes – 1950. Assim nasceu o trio elétrico.

Dodô e Osmar afinam os instrumentos musicais eletrônicos e mandam música. Aliás, brasa! A moça, mal vestida para o tempo, vestida demais para hoje. Decote longo, saia curta... Hoje é o nu inteiro! Que mal há nisso? Abre a garganta e canta. Canta e pula, pula e canta.

Partem do Terreiro de Jesus e rumam para a Rua Chile. E as pessoas espiando das janelas, saindo para a porta. Ganhando a rua atrás do Trio Elétrico. Uns se embalançam, jogam com o corpo para lá, para cá. Outros iniciam uns passos. Custa pouco e todo mundo pula!

E rolando o pula pula a fobica entra na Praça Castro Alves. Mais gente chega. E já chega pulando no compasso do trio. Rola o samba até de madrugada, quase de manhãzinha, quando para a música e a fobica sai de mansinho. O pessoal começa a debandar. Do alto Dodô grita: - Amanhã tem mais, gente! Tem mais até terça feira! Era a dica para os dias seguintes. A notícia correu de boca em boca. E nos três dias a Castro Alves ficou entupida de foliões.

Depois... Ah! O depois... Os empresários tomaram conta das ruas. Pagam taxas à prefeitura e propinas aos seus graduados... A folia avança Avenida Sete à cima. Chega ao Farol da Barra, ganha a Orla atpe Ondina, logo mais Pituba.

Dodô e Osmar ficaram chupando o dedo em termos de lucro material. Ganharam a imortalidade. Entraram para a história. Hoje estão de nome e fobica glorificados no Museu do Abaeté. Ainda bem que há História e nesta se salva a memória do ontem, salvam-se os bem ditos e os bons dizeres e fazeres do passado. Salve a História Dodô e Osmar! Era o ano de 1950. Vocês criaram a folia carnavalesca da cidade de São Salvador da Baia de Todos os Santos. Honra e glória ao seu nome. O povão os imortaliza.

João Justiniano da Fonseca