Tudo muito complexo

Faz tanto tempo que não escrevo! É estranho sentar-me novamente para fazê-lo. Mas enfim, cá estamos novamente, eu e as palavras! Mas devo confessar que não vamos sós, somos acompanhados pela melancolia e por diversos desejos profundos e ocultos que nem sempre consigo dizê-los claramente, mas que me movem com uma força tremenda.

Os desejos parecem ser os mesmos, ora mais fortes, ora mais fracos, mas sempre os mesmos. Desejos de uma alma que busca incessantemente não se sabe bem ‘o que’. Uma alma que talvez somente busque continuar em busca. A meta é sempre permanecer caminhando e não obstinadamente chegar a algum lugar. Como disse eles são ocultos. Quem sabe um dia possa vê-los com nitidez. Por enquanto me valho do puro caminho...

Talvez por isso necessite da melancolia e de toda sorte de ausências para sobreviver. Pois somente a partir da falta de alguma coisa é que o movimento de buscar suprir o que se percebeu não ter, acontece. Tarefa ingrata, que às vezes cansa e nos faz pedir arrego.

É tudo muito complexo!

Por muito tempo estive afastado da melancolia e de suas companheiras, preenchendo minhas ausências com aquilo que eu chamara de AMOR. Interessante que neste intervalo fui de tudo, menos EU. A sensação de ser EU foi verticalmente diminuída nesse processo de preenchimento que me aventurei a viver. Não direi que foi em vão, ou que foi ruim. Já nos recorda o sábio e encantador Drummond: “de tudo fica um pouco”. E fica mesmo! A par das dores bem doídas que experimentei preciso admitir que passar, mesmo que de forma equivocada, pelo avesso da ausência, me fez contemplar toda beleza existente nela e para ela querer retornar, e tornar-me de novo eterno navegante nos mares dos dias iguais.

Mais complexo ainda, é me atrever a chamar o avesso das minhas ausências de AMOR. Provavelmente uma designação equivocada. Pois geralmente chamamos de amor um conjunto de atentados que se faz ao amor de fato. Chamamos o desamor de amor! E não é somente um problema semântico, ou de emprego inadequado de termos e conceitos. É pura incompreensão mesmo desta realidade tão cantada em todos os tempos.

E por falar nisso, O que é AMOR? O que é AMAR? Vale a pena?

Agora olho profundamente até me perder no horizonte, sem conseguir dizer nada! Silêncio denunciante. E paro, quando na verdade deveria andar e buscar além dele o que por ventura pode haver lá. Cansado, por hora peço paz!

MARCELO LIZARDO
Enviado por MARCELO LIZARDO em 20/09/2013
Reeditado em 29/09/2013
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