Ensaios com Montaigne - Por que você respira? ou de como eternizar o instante

“Por que você vive?”. “Qual é o propósito da sua vida?”. “Vivo para sentir!”. “Sem o sentimento, respirar se torna apenas um ato!”. Se você quiser navegar e se aprofundar por essas questões, assista o filme “Equilíbrium” – os diretores de Matrix se inspiraram nesse filme para a criação de Matrix. Hoje o assisti, acho, pela quarta vez e também pela primeira vez. Como fazem mais ou menos 3 anos que assisti, é claro que novas reflexões surgiram, novas emoções foram despertadas, pois os óculos que uso agora, eu nem sonhava em usar da ultima vez que vi o filme. Quais questões o filme me fez dessa vez?

Como seria minha vida se a razão de ser fosse apenas sentir? Seria eu mais feliz? Tornaria-me um devasso? Mais poeta? Eu amaria mais as pessoas? É possível ter as sensações como guia? Seria esse guia seguro? Será que eu enxergaria melhor? Me aproximaria mais do mundo? Encontraria mais rapidamente um amor? Sim, acredito que minha vida seria mais feliz se eu buscasse apenas sentir, por que percebo que minha razão freia minha alma de abraçar o mundo, de sair pelas ruas cantando minhas poesias, de ousar ir em busca da minha amada que anda por aí fazendo questões ao mundo, mas que não me vê porque estou invisível para ela. Creio que não me tornaria um devasso, porque tenho sensibilidade suficiente para não causar perturbações nas almas que enxergam menos do que eu. Buscaria, sim, encontrar de corpo e alma, uma amada que estivesse disposta a se fundir comigo. Eu acredito que poderia me tornar, sim, mais poeta - e por que não mais filósofo? -, pensando em tudo que já escrevi, e imaginando mais 70 anos dedicados a ebulição das mais penetrantes sensações e reflexões. Não restam dúvidas de que eu amaria mais as pessoas, porque não me preocuparia com o que elas iriam pensar de mim, de minha loucura, nem de cometer algum erro, apenas transbordaria o que há na minha fonte, sem fazer qualquer espécie de questionamento a respeito do que devo fazer, e do que devo receber. É possível ter as sensações com guia, como diria Pascal, bastaria que eu seguisse a razão mais sábia que é a do coração. Preciso responder ainda se me aproximaria do mundo? Pois bem, eu diria que eu morreria colado nele!

Dizem os budistas, ouvi uma vez, que se você quer descobrir o propósito, o sentido que você está dando para sua vida, e o valor ou o peso de tudo isso, é preciso que você se pergunte, a cada instante: por que estou respirando?

"E se um dia, ou uma noite, um demônio te seguisse em tua mais solitária solidão e te dissesse: “Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de infinitamente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência – e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da vida será sempre virada outra vez – e tu com ela, poeirinha da poeira!“ Não te jogarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante maravilhoso, para lhes responder: “Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!” Se esse pensamento te dominasse, tal como és, te transformaria talvez, mas talvez te aniquilaria: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: “Quero isto ainda uma vez e um número incalculável de vezes?”pesaria sobre tuas ações como o mais pesado dos pesos! E então, como te seria necessário amar a vida e amar a ti mesmo para não desejar mais outra coisa que essa suprema e eterna confirmação, esse eterno e supremo selo!".

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