Ensaios com Montaigne - Qual o melhor remédio de prevenção ou combate contra o medo?

“O pavor expulsa então de meu coração toda a sabedoria.” (MONTAIGNE, ENSAIOS, Do medo)

Dizem os antropólogos que o medo é sentido pelo ser humano desde os seus primórdios ,diante do desconhecido: seja em seu passado quando via escondido, do interior da sua caverna, o vulcão em erupção, achando que era um Deus zangado por conta de algum mal que havia cometido; seja agora quando se enche de botox e de músculos para se esconder da velhice e consequentemente da morte, achando que, quanto mais, aparentemente, novo em folha estiver, mais chances ele terá de a morte não reconhece-lo quando tiver a missão de buscá-lo e dizer que, infelizmente, a sua hora chegou.

Com uma imagem, como poderia dizer que o medo se apresentou em minha vida? Impedindo-me de ver e saber que as pessoas de quem eu fugia, quando vinham em minha direção - aparentemente na minha cabeça, para saquear os meus bens e invadir o meu castelo - na realidade, queriam apenas um pouco de água, comida, ou alugar o meu castelo para passarem a noite e descansarem, e retomarem a viagem quando amanhecesse.

Qual o melhor remédio de prevenção ou de combate contra o medo? Eu recomento duas doses diárias de ao menos duas reflexões, uma de Paul Valéry: “Meditar, em filosofia, é encaminharmo-nos do conhecido para o desconhecido, e aqui defrontar o real.”; e a outra, de Nietzsche: “Quem deixa que se interponham entre si as coisas, conceitos, opiniões, passados, livros, quem, portanto, no sentido mais amplo, nasceu para a história, nunca verá as coisas pela primeira vez e nunca será ele próprio uma tal coisa vista pela primeira vez”.

“Sapere aude”.