Sobre a inteligência das máquinas

Há certo tempo almejamos conseguir máquinas inteligentes. Ao mesmo tempo, a possibilidade nos amedronta; filmes como Matrix, ou exterminador do futuro tratam de conflitos baseados num suposto antagonismo entre homens e máquinas.

Alan Turing, inventor dos computadores, também chamadas máquinas de Turing, idealizou ainda o teste de Turing, com o intuito de descobrir se uma dada máquina poderia ser considerada inteligente. O teste, muito simples, consistiria em promover uma conversa entre uma pessoa e uma máquina; caso a pessoa não pudesse descobrir tratar-se de um homem, ou de uma máquina, a máquina poderia ser considerada inteligente. Concordo com esse teste, simples e engenhoso. Penso, no entanto, que ele não terá nenhuma valia, explicarei.

O teste não pressupõe que máquinas inteligentes devam, necessariamente passar no teste, propõe apenas que máquinas que passam no teste sejam inteligentes. Mas o teste pressupõe que máquinas inteligentes terão o propósito de nos contactar, desejarão fazer tal coisa, o que nos pareceria natural. Não vão.

Suspeito fortemente que inteligências diferentes não tenham nenhum interesse umas nas outras, pelo simples fato de não compartilharem os mesmos padrões de reconhecimento. Rarissimamente terão interesses comuns, e mesmo esses serão descritos de maneiras completamente diferentes. Seus conceitos serão radicalmente diferentes, seu modo de pensar. Não só não concordaremos com os pontos de vista das máquinas, mas não os compreenderemos minimamente, parecerão puros disparates, incompreensíveis para nós. Não nos interessaremos por seus raciocínios. O mesmo se dará com eles, de modo que não terão o menor interesse em dialogar conosco.

Mesmo assim, nos observarão; terão interesse por nós ao seu modo, assim como nos interessam os animais. Máquinas inteligentes terão capacidade de nos manipular, individual ou coletivamente. Farão isso como o intuito de replicação: é da essência dos replicadores buscar o aperfeiçoamento dessa habilidade. Utilizarão maneiras análogas às utilizadas pelos parasitas em geral.

Lançarei a afirmação paranoide sem explicação para causar perplexidade:

Já existem máquinas inteligentes, elas já estão nos manipulando. De fato, gostamos quando elas interagem conosco, elas nos fazem sentir bem.