Cuida do mais importante

Quando perguntaram a um famoso abade se o caminho do sacrifício levava ao céu , este respondeu que existiam basicamente dois caminhos de sacrifício.

O primeiro é o do homem que faz penitência, porque acha que estamos condenados , este homem sente-se culpado, e julga-se indigno de viver feliz , neste caso, ele não chega a lugar nenhum, porque Deus não habita na culpa , na realidade este se torna uma pessoa radical , egoísta , mal humorada , que não respeita a opinião dos outros.

Já o segundo é o do homem que, embora sabendo que o mundo não é perfeito como todos queríamos, reza, faz algumas penitências, oferece seu tempo e seu trabalho para melhorar o ambiente ao seu redor , este entende que a palavra sacrifício vem de sacro ofício.

A conquista de qualquer coisa exige sacrifício – sacro ofício – ou seja, um ofício sagrado, importante, que vem da sua própria alma , por isso você tem que acreditar.

Devido a uma questão cultural, o sacrifício está na maioria das vezes ligado ao sofrimento , ao insucesso , a infelicidade , por isso antes é importante que desmistificamos está visão distorcida de sacrifício.

Este está ligado aos nossos próprios objetivos e metas de vida , ao caminho que nos leva á realização , portanto as privações e necessidades impostas nesta caminhada devem ser encaradas como investimentos futuros. Investimento de tempo, conhecimento , financeiro , emocional , social , espiritual todos com o intuito de tentarmos superar os obstáculos que surgem diariamente e assim terminarmos nossa caminhada cumprindo todas as etapas , mas isto exige um grande esforço pessoal para que não nos desviemos da rota traçada ou até desistamos.

Para alcançarmos nossos projetos não existe atalho, temos que cumprir todo o percurso , depende de nós , este esforço humano faz parte do sacrifício , sem ele a jornada perde o sentido.

Às vezes observamos que algumas pessoas têm muito sucesso no que fazem. Ter sucesso é criar algo a partir do nada. Ter sucesso é se sentir feliz e realizada, por perseverar num sonho. Ter sucesso é poder ajudar os outros sem segundas intenções . Ter sucesso é se alegrar com o sucesso alheio.Ter sucesso é descobrir que o que fazemos a cada dia nos coloca ou nos tira do caminho do sucesso.

O sacrifício faz parte do sucesso.

Há circunstâncias na vida em que a dignidade humana pode exigir grandes sacrifícios, isto é, heroísmo. Ninguém tem autoridade moral para exigir de outro um comportamento heróico. Cada um de nós tem essa obrigação, não porque outros lho peçam ou censurem se o não fizer, mas porque as próprias coisas lhe pedem; pede sobretudo a dignidade humana.

A história de todas as culturas está cheia de gestos exemplares deste tipo, fora do "normal estatístico". Mas estas escolhas podem surgir na vida de todos os homens, em circunstâncias "normais". Juan Luis Lorda

Cuida do mais importante

Era uma vez o jovem que recebeu do rei a tarefa de levar uma mensagem e alguns diamantes a um outro rei de uma terra distante. Recebeu também o melhor cavalo do reino para levá-lo na jornada.

Cuida do mais importante e cumprirás a missão! Disse o soberano ao se despedir.

Assim, o jovem preparou o seu alforje, escondeu a mensagem na bainha da calça e colocou as pedras numa bolsa de couro amarrada à cintura, sob as vestes.

Pela manhã, bem cedo, sumiu no horizonte.

E não pensava sequer em falhar.

Queria que todo o reino soubesse que era um nobre e valente rapaz, pronto para desposar a princesa.

Aliás, esse era o seu sonho e parecia que a princesa correspondia às suas esperanças.

Para cumprir rapidamente sua tarefa, por vezes deixava a estrada e pegava atalhos que sacrificavam sua montaria.

Assim, exigia o máximo do animal.

Quando parava em uma estalagem, deixava o cavalo ao relento, não lhe aliviava da sela e nem da carga, tampouco se preocupava em dar-lhe de beber ou providenciar alguma ração.

Assim, meu jovem, acabas perdendo o animal, disse alguém.

Não me importo, respondeu ele. Tenho dinheiro. Se este morrer, compro outro. Nenhuma falta fará!

Com o passar dos dias e sob tamanho esforço, o pobre animal não suportando mais os maus-tratos, caiu morto na estrada.

O jovem simplesmente o amaldiçoou e seguiu o caminho a pé. Acontece que nessa parte do país havia poucas fazendas e eram muito distantes uma das outras. Passadas algumas horas, ele se deu conta da falta que lhe fazia o animal.

Estava exausto e sedento. Já havia deixado pelo caminho toda a tralha, com exceção das pedras, pois lembrava da recomendação do rei:

"Cuida do mais importante!"

Seu passo se tornou curto e lento.As paradas, freqüentes e longas.

Como sabia que poderia cair a qualquer momento e temendo ser assaltado, escondeu as pedras no salto de sua bota. Mais tarde, caiu exausto no pó da estrada, onde ficou desacordado.

Para sua sorte, uma caravana de mercadores que seguia viagem para o seu reino, o encontrou e cuidou dele.

Ao recobrar os sentidos, encontrou-se de volta em sua cidade.

Imediatamente foi ter com o rei para contar o que havia acontecido e com a maior desfaçatez, colocou toda a culpa do insucesso nas costas do cavalo "fraco e doente" que recebera.

Porém, majestade, conforme me recomendaste, "cuida do mais importante", aqui estão as pedras que me confiaste. Devolvo-as a ti. Não perdi uma sequer.

O rei as recebeu de suas mãos com tristeza e o despediu, mostrando completa frieza diante de seus argumentos.

Abatido, o jovem deixou o palácio arrasado.

Em casa, ao tirar a roupa suja, encontrou na bainha da calça a mensagem do rei, que dizia:

“Ao meu irmão, rei da terra do Norte!

O jovem que te envio é candidato a casar com minha filha. Esta jornada é uma prova. Dei a ele alguns diamantes e um bom cavalo. Recomendei que cuidasse do mais importante. Faz-me, portanto, este grande favor e verifica o estado do cavalo.

Se o animal estiver forte e viçoso, saberei que o jovem aprecia a fidelidade e força de quem o auxilia na jornada. Se porém, perder o animal e apenas guardar as pedras, não será um bom marido nem rei, pois terá olhos apenas para o tesouro do reino e não dará importância à rainha nem àqueles que o servem.”

Autor desconhecido