Devaneios

Ando com uma necessidade de escrever como a mesma de respirar, de dormir, de comer, mesmo que as palavras façam sentido só para mim. E também ando como nunca com a necessidade de ler poesias que, de alguma forma, com suas construções que se harmonizam como uma orquestra, mesmo que a música que toque seja bonita ou dilacerante para a alma, afirmam que sou humana e que a dor da existência por ela mesma faz algum sentido. São palavras que me fazem carinho, um cafuné…

Músicas também entram nesta categoria, das clássicas, escritas por gênios e que arrepiam até a alma, às de letras mais cafonas, mas que descaradamente falam o que eu gostaria de dizer, porém seria ridículo se saísse da minha boca. E também ando com uma mania desconcertante de chorar. No supermercado, no carro, no parque, vendo o sol brilhar na praia, na frente das pessoas… Período de vida complicado? Talvez. Mas sempre achei a vida complicada, então não faz muita diferença pensar por este ângulo.

Os anos me deram asas maiores, mas mais frágeis. Os tombos tornaram-se mais constantes e doídos. Tenho que fazer fisioterapia toda semana pra não desmontar. É que sonho muito. Sonhar, para mim, sempre foi uma questão de sobrevivência. Sempre achei que o homem que não tem sonhos não tem qualificação para a vida, e neste quesito sempre me achei pós-graduada. Além disso, sonhar é fazer poesia, com palavras ou sem palavras, mas fazê-la, ainda que fora de moda.