SERENIDADE
Eu acredito em Deus; eu acredito no amor; e acredito na vida.
Deus está dentro de cada um de nós nas nossas boas ações, na nossa bondade, na nossa justiça, e principalmente na nossa dignidade.
Não me sinto sozinha quando eu converso com Ele. Sinto-me sana.
Eu não espero de Deus que Ele resolva os meus problemas e nem que Ele salve as pessoas que eu amo das doenças e da morte. Quando eu converso com Ele eu peço para ter forças e suportar as dores de quem eu amo e, também, a dor que me causa suas ausências.
Quando eu era uma menina, eu pensava que Deus fosse uma espécie de mágico. Que era só pedir a Ele e os meus desejos seriam atendidos. Eu pensava também que Ele premiava os bons e os justos de alma. Quando cresci eu percebi que não há magia em acreditar em Deus, pois os bons partem da mesma maneira que os maus. Eu percebi também que coisas ruins acontecem para as pessoas boas e coisas boas acontecem para as pessoas ruins independentemente de elas acreditarem ou tentarem ser como Deus espera que sejam os Seus filhos.
Eu cheguei a questionar os pontos de vista de Deus sobre a bondade e a maldade. Para poder melhor compreender o porquê os bons sob meu ponto de vista sumiam do meu mundo e iam - desde que eu acreditava que ser bom garantia créditos para uma existência prolongada - para o mundo eterno.
Eu descobri que é uma coisa natural, pois elas simplesmente partem porque a morte tem suas próprias determinações.
Vivemos: para viver e para morrer.
Será que por amor a vida não nos iludimos com a desconhecida morte criando ilusões em torno dela que nos aliviem a tristeza da predestinação ao sono profundo e involuntário?
A morte é autoritária, é insensata, é poderosa, é cínica, é debochada e é imprevisível. Ela não nos esclarece a razão de nos tirar da vida. Simplesmente chega e nos leva. Houve um tempo em que eu pensava que a morte era uma punição. Mas, não é. A morte é simplesmente cruel.
Entendo a vida e a morte como se elas tivessem feito um acordo entre si. E cada uma delas tivesse combinado a maneira como planejariam nos ter. Enquanto vivos somos propriedade da vida até que a morte decida o nosso destino.
Parece-me que vida por nos ter escolhido primeiro aceitou que a morte ficasse conosco infinitamente. E com autonomia de escolher o momento de nos levar. Fecharam um acordo, e a vida tão maravilhosa, tão amável, tão irradiante e tão bondosa, simplesmente, aceitou toda e qualquer condição imposta. O problema é que nenhuma das duas nos deu qualquer explicação.
A imaginação levou a nossa essência a se identificar muito com a vida e por ela se apaixonou. É difícil imaginar algo que tenha sido construído ou planejado para nós que não seja benéfico. Pois, Deus é bom e a vida é boa. Logo, supomos que a morte também tenha seus encantamentos. A morte nunca nos disse que tenha encantamentos, mas, imaginosos como somos, decidimos acreditar que nela tenha o encantamento do qual buscamos.
Sem se conhecer a respeito da morte; sem compreendê-la, a nossa essência resolveu fantasiar a morte, buscando nela aspectos de vida e aceitação nesta transição radical - que é a despedida involuntária da vida - de forma mais amena criaram-se castelos futuros.
Imaginando, então, que a morte tem seus nobres propósitos. Oferece-nos um sono, para que dormindo sem preocupação de acordarmos – acreditando - poderemos descansar de nossas impurezas e nos preparar para uma purificação e um novo encontro com os que amamos. E todos nos tornaríamos a perfeição personificada.
Nossa essência imaginativa dispensou pensar em épocas e décadas. Dispensou também lembrar que teremos que reconhecer as pessoas nunca vistas, pois todos nos reconheceremos através de nossa bondade. Através de nossa alma. Essa mesma alma que em vida nem sempre reconhece a si própria ou ao seu irmão filhos de Deus.
Imaginações criativas e generosas geradas pela nossa essência criou na morte: o paraíso. Criou o mágico, o maravilhoso e até pode-se dizer que criou o extraordinário. Acreditando assim, que essas serão no mínimo as ofertas da morte, para quando decidir nos levar.
É o que, no mínimo, a malvada morte tem para nos oferecer... Um paraíso!
Há pessoas que vivem timidamente suas vidas, temerosas com a possibilidade da morte não as acordarem do sono profundo quando as levarem. Essas pessoas ao invés de viverem com intensidade, elas se retraem querendo mostrar a morte seu devido respeito. Como se nesse respeito houvesse um pedido velado para que sejam preservadas e até esquecidas, ou melhor, dizendo que sejam aguardadas, pois estão vivendo em processo de preparação para chegarem de maneira especial ao seu encontro.
Mas, a morte não quer saber desse lero- lero ou, da imaginação dos seus futuros visitantes.
A única coisa que a morte quer realmente saber é do acordo que fez com a vida.
Viver é o paraíso. Viver com o coração aberto para o bem é a grande satisfação. A vida não nos garante tempo determinado para que possamos aproveitá-la. Mas ela nos oferece encantamentos, alegrias, sorrisos, abraços, beijos, afagos, prazeres.
E nos dá a liberdade de escolha para podermos ser quem, verdadeiramente, gostamos de ser. Podemos nos causar e causar ao outro todo o bem que nos dispusermos.
O nosso Deus, pode prevalecer em nós. Basta querermos!
Mari S Alexandre
Enviado por Mari S Alexandre em 17/05/2014
Reeditado em 13/01/2015
Código do texto: T4810025
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