Um certo dia eu quis ter uma casinha num lugar montanhoso, que tivesse muitos pássaros e borboletas por perto. Gente simples. Vida com tempo para ser sentida!
Nessa época eu não tinha idéia do porquê a precisava. Quando se quer algo é porque esta fazendo falta. Mesmo que não se saiba exatamente as razões do querer. Um dia se descobre.
Nessa época era a vida urbana e agitada que precisava de mim. E fui vivendo-a com satisfação porque eu não estou aqui na vida para perder nenhum dia que ela me oferece. Disso tenho plena certeza. 
Na vida agitada as dores quando sentidas se confundem com as cobranças do cotidiano movimentado e nem atenção direito pode se dar a elas. Mas, nem por isto, deixam de encontrar um canto dentro de nosso ser e se instalarem.
E o que vai acontecendo é que tudo vai se acumulando lá dentro. As coisas boas misturam-se às coisas menos boas. E hora ou outra, algumas das que não são boas nos chamam. E, infelizmente, a roda viva não permite que se dê a atenção devida e elas continuam inibidas lá dentro, esperando serem reconhecidas e cuidadas devidamente.
Foi o que eu fiz. Decidi dar espaço para todas as coisas que não estavam completamente resolvidas dentro de mim, e então, foi que o lugar nas montanhas me aguardava de braços abertos. Impressionante, como um lugar tranquilo me permitiu reconhecer-me de uma maneira mais profunda.
E neste encontro da superficialidade com as profundezas de meu ser, finalmente puderam estar juntas e finalmente se conhecerem. E assim pude  me sentir renascer. Reaprendendo a viver e voltando para a vida de uma outra maneira, como se eu estivesse renascendo do útero - dela - da vida.
O bem que esse encontro está me fazendo é indescritível. Sinto-me feliz e reconhecidamente grata, por poder estar vivendo tudo isto.
Na minha história nada é mágico. Tudo é resultado das tomadas de difíceis decisões.
E assim, somente partindo de mim, pude me encontrar em algum lugar dentro de mim mesma. Pois tenho muitas portas e janelas fechadas, e algumas até lacradas.
Amando-me verdadeiramente foi que decidi me dar chances de me conhecer em minhas particularidades pouco descobertas por causa da vida intensa e movimentada que sempre vivi. Mas nem por isto desisti das buscas tão necessárias.
Resgatar a si mesmo é o melhor presente que se pode dar. 
E vale a pena porque somente as pessoas leves de alma, somente as pessoas que encontram a suavidade dentro de si é que podem se sentir, verdadeiramente, em paz.
E para fazer o outro feliz, preciso é se sentir sendo. 
Se todos conseguissem descobrir a felicidade em si, o mundo seria belo como as flores.
Mari S Alexandre
Enviado por Mari S Alexandre em 18/05/2014
Reeditado em 22/01/2015
Código do texto: T4811346
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