CRÍTICA AO PSEUDO POETA - petit essai

Escrever!! Farei uma paráfrase audaciosa da frase de Madame Roland: Ó Liberdade, quantos crimes cometem-se em teu nome ! Ó poesia, quanta bobagem se apropria de sua arte!

Pois é. Escrever. Poetar. É uma arte para poucos. Raros! Tenho lido ultimamente muitos livros ...de poemas! Bem, eu diria que são tentativas longínquas da arte de Petrarca!

A prosa demanda uma segunda vida. O autor tem de viver seus personagens, absorvê-los, digeri-los até que eles façam parte de seu corpo.

A poesia, ah, a poesia!, esta demanda que o poeta absorva sua arte até que ela possa fazer parte de sua alma!

Infelizmente não é o que tenho encontrado pelos caminhos das letras, das insondáveis palavras, do vale misterioso e intrigante dos significados, dos verbos intransitáveis, dos adjetivos personificados e das preposições qualificativas.

Infelizmente não tenho encontrado aquela doce loucura de Erato, a amável, a musa da poesia romântica, que tornava desejado e amado quem por ela se deixasse guiar.

Ao contrário, só constato a mesmice cansativa, a auto significância narcisista que só interessa ao próprio eu que se nega a enxergar o ilimitado, o inominado, o inalcançável.

Curvo-me aos clássicos e aos poucos ungidos da arte de poetar aqui e acolá, na resignação de que, na falta dessa arte, terei onde mergulhar, sem medo, pois sei que essas águas são profundas, abissais e plenamente capazes de amortecer meu salto mortal para as profundezas poéticas.

Anna del Pueblo
Enviado por Anna del Pueblo em 05/06/2014
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