Com a mão na taça

“Melhor é a criança pobre e sábia do que o rei velho e insensato, que não se deixa mais admoestar.” Ecl 4; 13

Interessante essa escala de valores defendida pelo sábio; melhor um que tem pouco, um pobre, que um rei insensato que acha não precisar mais nada. Quando alguém pensa que chegou ao fim de suas necessidades de crescimento, apenas aborta a possibilidade e descansa no banco dos medíocres. O andar da carruagem acaba invertendo os postos, conclui Salomão. “Porque um sai do cárcere para reinar; enquanto outro, que nasceu em seu reino, torna-se pobre.” V 14.

Assim, convém estarmos sempre atentos à crítica, correção, aprendizado, … disso, depende a manutenção do nosso “trono”. Falo, porque noutro texto que usei temas de futebol, política, e religião fui acusado de misturar coisas que seriam excludentes.

Quando alguém cunhou a frase: Futebol, política, e religião não de discute, possivelmente, não pensava vetar isso; uma vez que todos fazem. Talvez pretendesse dizer que é inútil, uma vez que posições arraigadas e defendidas com paixão, não cedem a argumentos. Isso é vero até certo ponto; quando o fanatismo cega. Nesse caso, um corrupto de meu partido deve ser defendido, afinal estamos sob mesma bandeira; contra meu time não é pênalty a mesma jogada que seria a favor; evangélicos defenderiam evangélicos, católicos a católicos mesmo que cometessem os mais crassos erros, etc.

Ora, se, é verdade que ouro é ouro mesmo nas mãos do bandido, também, que estrume é estrume mesmo que seja do cavalo do príncipe.

Certa dose de paixão é necessária às convicções espirituais, senão, a mensagem resultará estéril, não convencerá. Porém, jamais uma paixão cega a ponto de ignorar os pleitos da razão. Como é belo ler o diálogo dos filósofos ouvindo respeitosamente o contraditório; fazendo as devidas concessões aos bons argumentos, pois, sua busca era a verdade!

Um fanático é como o rei velho supra que não se deixa mais admoestar, pensa saber tudo e tenta impor a outrem sua “visão”. Como corujas e outros animais noctívagos, sente-se bem no escuro, e teme à luz.

Um argumento embasado, veraz, é como o acender de uma lâmpada em ambiente obscuro; mostra o que o espaço contém e possibilita que nos desviemos de tropeços, ideia usada já por Davi para figurar à Palavra de Deus. “Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho.” Sal 119; 105

Todo o ministério de Cristo durante três anos e meio mostra O Salvador “discutindo religião” com os religiosos, Escribas, Fariseus, Saduceus, que manifestavam um compreensão superficial do que afirmavam crer.

Quanto aos esportes, há semelhanças também. Como são muitos os convidados e poucos os escolhidos para o Reino, podemos dizer que Deus convoca Sua seleção, aliás, Ele diz: “Os meus olhos procurarão os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá.” Sal 101; 6 Chamados para uma pré-lista são todos, “pregai a toda criatura” mas, selecionados somente os que se mostrarem à altura da “camisa”.

Paulo foi “preparador físico” e botou a turma para correr em seus dias; “…rejeita as fábulas profanas e de velhas, exercita a ti mesmo em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4; 7 e 8 Noutra parte testificou que também treinava duro, para não ser cortado. “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar. Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” I Cor 9; 24 a 27

Por fim, a Epístola aos Hebreus, depois de apresentar uma vasta seleção de campeões do Passado, os Heróis da fé, coloca os leitores como atletas num estádio, cuja plateia são aqueles, diante dos quais, não podemos fraquejar. “Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta.” Heb 12; 1

Os que agirem assim, estão com a mão na taça e podem ficar “tocando bola” até o jogo acabar. “…guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.” Apoc 3; 11