Schopenhauer e o Idealismo Alemão - Parte VII

O Refúgio de Insanidade
 
E assim como a religião e a demência senil são refúgios contra o medo da morte, a insanidade, em suas várias formas é um esconderijo contra o sofrimento.
A chamada “loucura” surge como um eficiente meio para se evitar as recordações amargas. É uma ruptura com a dita “normalidade”, pois, com efeito, só podemos sobreviver a certos acontecimentos, se deles nos esquecermos.
Geralmente relutamos muito em pensar nas coisas que prejudicam os nossos interesses, ferem a nossa vaidade e interferem em nossos desejos. Nessa resistência que a Vontade opõe a qualquer análise que o Intelecto queira executar, está o espaço necessário para que a loucura se instale na mente, pois certos elementos serão suprimidos do Intelecto, já que a Vontade não os suporta, e as lacunas aí surgidas serão preenchidas aleatoriamente, consolidando a insanidade. E porque do Intelecto foram feitas aquelas subtrações, o homem passa a supor que aquilo não existe realmente. É a loucura oriunda do sofrimento insuportável que em nossos dias é chamada de “Transtorno Pós Traumático”, “Amnésia Emocional”, “Trauma”, “Paranoia de Guerra” etc.
Para Schopenhauer é o penúltimo recurso de que se vale a Vontade para que aquela expressão da Vida, isto é, aquele indivíduo, continue a existir. Porém, quando esse recurso não se mostra suficiente, resta o refúgio final da morte autoinfringida, como veremos a seguir.

Produção e divulgação de Pat Tavares, lettre, l´art et la culture, assessora de Imprensa e de Relações Públicas, do Rio de Janeiro, no Inverno de 2014.