A Filosofia do SER

A Filosofia do SER

Faço parte do que existe.

Critico, coloco em dúvida,

faço perguntas importunas.

Abro os portais das possibilidades.

Minha filosofia incomoda

porque questiona

o modo de ser das coisas.

As vivas e as inertes. E as que esperam.

Não há área onde minha curiosidade

não se meta, não indague.

Sou perigosa. Subversiva, até.

Pois viro a ordem estabelecida de cabeça para baixo.

E conceitos frágeis se esparramam

no meu piso frio de carrara e lucidez.

Idéias pré-eleitas não se sustentam .

São estruturas de areia que não resistem

às minhas marés pensantes.

Pode dizer que sou "desligada" do mundo.

Que seja exatamente essa a sua defesa

contra o perigo que represento.

No meu refletir sobre a realidade,

qualquer que seja ela,

re-descubro seus significados mais profundos.

E mais largos e constantes são os meus sorrisos.

Mais afiados meus olhos-punhais.

Não controlo o que estou fazendo.

Tenho ascendência animal.

- minha alma ainda uiva à visão da Lua-

Mas a razão é plácida e dominante. Não controlo isso.

Apenas respondo a uma exigência da própria natureza

humana e imersa do real evolutivo.

Vivo a necessidade de encontrar

uma razão de ser para o mundo ,

para os enigmas de minha existência.

Por isso balanço os cabelos. E deixo o vento

conduzir respostas . Polinizar outras mentes...

E quem sabe novas verdades produzirão

frutos suculentos e exatos.

Enquanto isso prossigo na jornada.

Busco meu arkhé, o princípio absoluto (primeiro e último)

O princípio substancial ,

o que se estabeleceu antes de tudo,

O fundamento, o fundo imutável e incorruptível

de todas as coisas,

que as faz surgir e as governa.

Mas não algo que ficou no passado,

e sim aquilo que dá origem a tudo.

Procuro a gênese , que se explica permanente.

E as revelo através da separação dos contrários.

Sigo dissecando a matéria -corpo da vida .

Resultante do movimento eterno...

Claudia Gadini

04.07.05

“... todas as coisas estão cheias de deuses...”. Mileto