O BRASILEIRO NÃO IDOLATRA SEUS HERÓIS (Parte 2)

O BRASILEIRO NÃO IDOLATRA SEUS HERÓIS! (Parte 2)

Introdução para quem não leu a parte 1 - Se fizermos um apanhado a grosso modo, do tratamento dado aos nossos heróis pela população brasileira e compararmos com o comportamento dos povos de outros países, mesmo aqui na América do Sul, veremos a disparidade gritante.

Enquanto nossos vizinhos e até os habitantes dos mais longínquos rincões veneram seus ídolos, seus heróis, aqui, muitos dos nossos grandes homens e mulheres, dormitam nos livros de história e, vez por outra, lembrados pela imprensa, são comentados por ocasião de aniversários da sua morte, centenário, etc, na roda de intelectuais e, principalmente, nas escolas. Fora disso são, sistematicamente esquecidos, a não ser por um ou outro monumento (estátuas, bustos e memoriais), erigidos em sua homenagem.

Há quem ouse dizer até que o Brasil é pobre de heróis; e quem assim se pronuncia, não tem a mínima noção da acepção do termo.

Parte 2

Novos estádios foram construídos para a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Como o brasileiro tem a péssima ‘cultura’ do esquecimento, trataram logo de mudar os nomes dos antigos estádios, em alguns casos bizarramente. Aliás essa é a cultura que vemos implantar no Brasil desde que o PT assumiu o governo federal com Lula. Para esse pessoal, mudar os nomes dos antigos programas significa ‘esquecer’ os feitos dos seus antecessores. Assim é que o ‘chefe’ deles chegou a declarar que ‘se eu tivesse chegado aqui antes de Cabral teria descoberto o Brasil’. E se lhe dessem ousadia reinventaria a roda, descobriria a pólvora e com um pouquinho de ‘pimenta’ em seu DNA, seria autor da Teoria da Relatividade e até da ‘lei da gravidez’!

Todos sabemos que a palavra ‘arena’ significa areia. Só os sábios marqueteiros do futebol desconhecem as origens lingüísticas. Pior que isso: O Estádio Mario Filho, o famoso Maracanã, que até sua reinauguração passou a chamar-se Arena Maracanã – deixou a homenagem a Mário Filho de fora. Ele que foi um grande desportista, responsável pela difusão do ‘esporte bretão’ entre nós. Mário Rodrigues Filho era radialista – irmão do dramaturgo Nelson Rodrigues. Na Bahia, o Estádio Octavio Mangabeira – Estádio da Fonte Nova, passou a chamar-se Arena Fonte Nova e quase, quase chegou a Arena Itaipava, para homenagear uma marca de cerveja que patrocina o esporte. Em Brasília, o Estádio Rei Pelé passou a Arena de Brasília, num desrespeito sem tamanho ao nosso maior atleta em todos os tempos.

Voltando a falar em heróis, mas sem querer aprofundar a questão, temos de lembrar o Brasil como um celeiro de artistas em todas as áreas. Nós que vimos Garrincha, já no final da vida, sofrendo de cirrose e morando na Rua Estampadores, em Bangu, longe do ’olhar’ das câmeras, onde morreu pobre e esquecido e Juvenal, sofrendo de doença degenerativa, morando até a morte em um casebre insalubre, em Salvador, ficamos a pensar no que fazer para que o brasileiro acorde e venere seus heróis, do passado e do presente, para que sejam reconhecidos e esse reconhecimento seja um estímulo para o aparecimento de outros tantos.

De outra feita, tomamos conhecimento de que o ex-soldado da Polícia Militar da Bahia, o famoso ‘guarda Pelé’ – que era referência em todo o país no mister de como comandar o trânsito nos engarrafamentos de Salvador, que chegou ao ‘Fantástico da Globo’ como um grande herói e no fim da vida, estava jogado às traças na cidade de Nazaré das Farinhas. É disso que estamos falando. Somos favoráveis às pensões pagas a todos quantos tenham sido presos e torturados ou mortos na ditadura, mas não esqueçamos que existem muitos brasileiros, heróis, que andam sofrendo por aí, sem qualquer assistência do poder público.

Um país que teve um Oscar Niemayer – na arquitetura, Carlos Gomes, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazaré, Villa Lobos,Tom Jobim, Lupicínio Rodrigues, Hermeto Pascoal, Sivuca, Luiz Gonzaga, Adoniran Barbosa, Dorival Caimmy, Dominguinhos, na música, junto a tantos outros, os nossos grandes cantores, os nossos escritores e artistas plásticos, desde a colonização até o presente, os nossos poetas e, principalmente, o nosso povo miscigenado que deu ao mundo uma população que convive em harmonia, sejam católicos, evangélicos e ateus, judeus e muçulmanos nas suas mais diversas etnias.

Há que se reformular muita coisa neste país, visando o aperfeiçoamento das nossas instituições, já que somos parte da evolução que se dá no Planeta. E as reformas mais urgentes, na nossa opinião passam pela Reforma da Educação (colocar na cabeça da criança que um país vale pelos seus signos, pelos seus símbolos e pelos seus heróis), Reforma do Judiciário (processos com data para começar e terminar, a depender de uma reformulação total nos códigos e leis), Reforma Política (proibição da reeleição para cargos majoritários e apenas uma reeleição para o Legislativo, com quatro anos de carência), assim, a corrupção seria muito menor, maiores e mais céleres as punições e sobraria muito dinheiro, bilhões e bilhões de reais para serem aplicados a favor do bem-estar de todos; mas isso é assunto para outra oportunidade.

No campo religioso, graças a trabalho sem trégua dos fiéis, temos vários ‘santos’, que são nossos heróis mais respeitados, a exemplo de Irmã Dulce que foi elevada a ‘beata’ e brevemente deverá ser canonizada.

Se voltarmos um pouco no tempo teremos Antonio Conselheiro, o mártir de Canudos, com origem no ‘Cariri’ cearense e que marcou época defendendo a pequena cidade de Canudos até a morte, depois de várias expedições do Exército e da Polícia Militar, uma vez que diziam que ele era à favor da ‘monarquia’ e a recente e frágil república sentia-se ameaçada pela sua pregação, lá naqueles confins de ‘judas’. Bento Gonçalves também iria para a história como o líder da Farroupilha – a famosa ‘guerra dos Farrapos’, cujo teatro foi o sul do país e cujas lideranças eram gaúchas. Mesmo na época dos coronéis, nomes como Horácio de Mattos (Lençóis) e Doca Medrado (Mucugê), Como Militão Coelho – de Barra do Mendes, impuseram respeito por mais de meio século na Bahia, nos anos 1930, era dos diamantes.

Mais recentemente, dois nomes despontam no judiciário, dignos dessa galeria: Aires Brito e Joaquim Barbosa - no STF - Supremo Tribunal Federal (processo Ação Penal 470 'Mensalão' e Sérgio Fernando Moro - da Justiça Federal sediada em Coritiba - que julga o 'Petrolão', após a operação da Polícia federal denominada Lava Jato.

Ricardo De Benedictis
Enviado por Ricardo De Benedictis em 10/12/2014
Código do texto: T5064727
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