Realidade seletiva ou mentira prolixa?

Realidade magnânima é a formada pela teia de nossa coexistência e dos nós que ligam cada uma das finas linhas da nossa ínfima e curta vida. Cada linha, uma pessoa, um único indivíduo, cada qual em sua realidade particular, não perturbada, a linha sem interferências; entretanto, o mundo não é vazio e menos ainda singular, então essas pequenas linhas sutis se cruzam, quando conhecemos ou interagimos com outro indivíduo, seja qual for o nível ou intuito, essa ‘interferência’, faz o cruzamento dessas linhas e ali nasce um nó, e consigo uma nova realidade, e outros cruzamentos tanto quanto a primeira perturbação poderá ocorrer, pessoas em comum no emprego, na escola, e a cada linha que passa por esse nó, fará parte daquela realidade e ainda assim de sua forma particular, com sua visão única. A cada nova pessoa, animal,(vegetal e etc.), com quem cruzarmos, fará com que tenhamos uma realidade particular com a(o) mesma(o), ou então partilhada por todos aqueles com quem cruzarmos e mantermos um nível de interação em comum. Ainda que uma pessoa ou coisa quebre o contato de sua linha com uma outra pessoa, as outras que ali haviam cruzado, os ‘em comuns’, permanecerão, logo, talvez nunca haja uma quebra real, uma vez envolvidos, aquela realidade não se desfará pela ausência de uma parte. Graças à peculiaridade de cada parte interpretar aquela realidade, baseada em sua cultura, ideologias, ética, moral, religião e uma gama ampla de diversos outros fatores, temos o que faz balançar esta grande teia, os conflitos, os bons e os tolos conflitos. Assim, carregamos, cada um de nós, o peso de uma quantidade infinita de realidades das quais sequer notamos no decorrer do frágil fio da nossa patética e ínfima existência, e é provável que esse pensamento não seja relevante para a maioria das pessoas, afinal, apenas viver basta e ainda que isso não importe ou não permeie nenhuma mudança significativa na nossa realidade Particular, àquela altura onde não há nós e cruzamentos, fazemos parte por bem ou por qualquer peculiaridade, o que fazemos em nosso fio, fará tremer o de outros.

Essa mesma realidade pode ser no fim das contas apenas a versão visual (ou até mesmo virtual) e simbólica particular sobre tudo e todos à sua volta, e essa é a chave básica para tudo o que sabemos e conhecemos, uma realidade jamais será igual à outra, e impossível de ser compreendida totalmente por qualquer um, a complexa gama de ligações e itens presentes em uma vida não pode ser simplesmente transcrita e categorizada.

E essa é a teia de infinitas possibilidades, contadas por bilhões de visões diferentes e divergentes, interpolando a impossibilidade de neutralidade.

Contudo, há pessoas que são capazes de com naturalidade, criar realidades em torno de sua realidade verdadeira (talvez todos possamos, apesar de não termos ou vontade ou “cara de pau” para isso), colocando sobre todas as linhas e conexões, melhor dizendo, sobre as pessoas (talvez todas, talvez algumas, ou em pequenas ocasiões) que cruzam em seu caminho o seu mito, a sua realidade seletiva, dando uma breve miragem mental nessas pessoas, sobre aquela contadora de seu mito, para que essas pessoas alvo o vejam de uma forma, ou para que entendam e ‘validem’ seu momento atual ou atitudes sejam elas quais forem. A realidade seletiva sempre vem acompanhada de um intuito de externar um EU oculto, tentar justificar atitudes, e até mesmo como um cretino e irônico jogo, a transformar pequenas tragédias ou causos, em abstratos monstros que modificam a vida daquele criador de Mito, em que ele se torna a personagem mais favorecida, ou menos, ou entre eles. Por vezes a realidade seletiva não acaba sendo nada demais para ninguém além de seu próprio usuário, porém, torna-se uma mentira sem saídas, sem começo e sem fim, fundindo-se à realidade do usuário e escapando dele, e fundindo-se na realidade daqueles que foram alvos da realidade seletiva, criando uma tempestade, desconfigurando a realidade, e a seletiva deixa de ser tornar uma ‘ferramenta’ ou uma sobrecapa da verdade, para se tornar uma mentira prolixa, tanto para o usuário quanto para o alvo, a diferença é que a mentira prolixa, é barulhenta e ruidosa nas linhas criadas pela vida dos indivíduos, muito provavelmente esse ruído também infectará outras linhas, vidas. É uma avalanche de ideias e estórias, uma tempestade de mentiras com alta capacidade de devastação.

E nada disso importasse talvez, mas infelizmente, o ataque de realidade seletiva ou mentira prolixa, se descontrolou, disseminado em ideias midiáticas em nosso tempo imperialista mascarado e de capitalismo e consumismo desenfreado, onde é tentado imprimir uma realidade para que sejamos subjugados e vivamos de acordo com os interesses do grande mercado que esse mundo se tornou, ou por religiões, política, aqui onde joga-se o grande jogo, escolhe um lado ou se torna um ser marginalizado e desprezível.

Hmm... Um dia termino de dissertar sobre isso...

Ariel Lira
Enviado por Ariel Lira em 24/12/2014
Código do texto: T5079936
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