Itinerários do além-ser do ser

É comum ao sentirmos vontade de escrever, não sabermos o quê. Ou seria não saber por onde começar. Existirá uma técnica? Se existe essa técnica é eficaz? Se procurarmos poderá sempre nos valer? Existirá uma outra forma de expressão do ser? Por que penso assim? Se penso ou pensarei não quero que isso seja uma norma, afinal, parece haver muita coisa no pensamento que está nas asas livres da expressão.

Aonde ir? Existe um caminho predeterminado? Entretanto, às vezes, nossa mente precisa da liberdade, pois, parece que deseja revelar algo como uma intuição, sabe que há de dizer, embora não saiba o que exatamente. Na primeira instância, do instinto de escrever e de não saber o que escrever, nasce algo. O que é a arte? Afinal pensar não seria uma arte? A arte tem um caminho ou um descaminho?

Ora, o filósofo do ser-sendo, Galeffi, não disse que pensar é uma arte? Existirá um caminho para a arte ou o fazer-caminho é a passagem da mesma? Penso que Dante Galeffi vislumbrou bem o ser da arte e o pensar condizentemente também é o ser da arte.

Disse alguém que sabemos mais do que imaginamos, certamente. Tão só quando nos pomos ao caminho descobrimos que sim, o ser humano sabe muito, como sabe da sua ignorância e da transição desta a um saber. Este que se faz ao se fazer.

Escrever é uma forma de expressão do ser. Inexata? Ou seria o medo ou a inércia do não escrever? Escrever é uma maneira de expressar a si mesmo, se autoconhecer, pois, ao escrever conhece-se algo que se cria, recria como a arte. Pensar, escrever é um processo do ser, o qual se deseja e se busca. A consciência subjetiva participa da construção do eu. Mas, o que é o eu? É possível saber?

Sei... Será um momento glorioso quando deixarmos de querer seguir os modelos da sociedade, pois, seguir os outros atrofia nossa condição de ser. Há uma potência desejosa, a nossa condição mais intima e se não tomarmos cuidado, numa autoconsciência de vivificação da nossa alma e recriação do nosso espírito corremos sério risco de ser como os outros por acreditarmos que é o protocolo, pensar o que os outros pensam, sendo assim, perderemos a prerrogativa de criarmos a nós mesmos na livre expressão sem ocaso do acontecimento da vida.