(In)Sensibilidade...

A Bíblia diz que no final dos tempos o amor de muitos se esfriaria. Há pessoas que tem dúvida da veracidade de suas palavras; mas as ações humanas na atualidade demonstram que a previsão estava correta.

Quando atentamos para o significado da palavra sensibilidade: “disposição para sentir ou para se emocionar diante de algo ou alguém, aptidão para apreender e demonstrar sentimentos, e disposição para sentir ou para se emocionar diante de algo ou alguém”; percebemos que semelhantemente ao amor; a sensibilidade tem nos abandonado. Não por vontade própria, mas pelo esvaziamento de sentimentos e percepções de nosso ser.

Tem nos faltado capacidade de se alegrar verdadeiramente e inocentemente. A dor por mais aguda que seja não nos provoca mais sentimentos de compaixão e solidariedade.

Não nos importamos mais com o pedido de socorro. Com o choro engasgado de uma criança acuada. Com o ressoar da fome e miséria alheia. Fora de mim nada importa mais!

A natureza não nos sensibiliza mais. A beleza de outrora grita num silêncio incontido e insano. As folhas caem sem que o vento sopre. A vegetação ressequida perdeu suas raízes. O universo tornou reflexo de nossa sequidão.

A cada dia a individualidade, o egoísmo e egocentrismo limitam a sociabilidade do homem. A sociedade não se baseia mais em princípios e objetivos comuns.

Chorar com os que choram por que e pra quê? Colocar-se no lugar do outro? Está louco? Cada um cuida de sua própria vida!

Nossa insensibilidade é reflexo da ausência de amor. Do amor próprio e ao próximo e da ausência do amor de Deus. Quem ama sensibiliza com a causa do outro ou com as próprias dores.

O “eu” me libertou do convívio humano. Da dor coletiva. Do ombro amigo. A minha liberdade e o livre pensamento me aprisionou no limbo esquizofrênico da solidão humana. Nada nos incomoda. Só o silêncio obscuro é o que nos importa!