Profundidade Superficial
 
 
Eu me sinto, espontaneamente,
 
excluída do convívio obrigatório
 
mesmo daqueles que me são
 
valorosos.
 
 
Observo as pessoas e as percebo,
 
claramente, insatisfeitas na profundidade
 
de seus interiores.
 
 
Parecem leves exteriormente, todavia, na troca de
 
meia dúzia de palavras, se mostram
 
alteradas, se mostram desestabilizadas.
 
 
A insatisfação manifestada por quem a sente
 
é demonstrada impulsivamente e a partir
 
de tal ato tudo se transforma e o que
 
poderia ser bom, se converte  em
 
momentos tensos e desagradáveis.
 
 
Noto que as pessoas têm conversado
 
menos sobre coisas interessantes.
 
Aliás, não conversam nem sobre coisas
 
desinteressantes.
 
Parece-me que ficam felizes apenas por  terem
 
a presença de alguém ao seu lado,
 
mas que na verdade se distanciam, absortos,
 
em seus aparelhos telefônicos.
 
Quando voltam à realidade, pegam
 
a conversa já iniciada e deduzem
 
o assunto do qual não estavam
 
participando, e quando se dão
 
conta estão ofendendo ou sendo
 
ofendidos.
 
 
A superficialidade me parece
 
que se transformou em uma nova
 
forma de vida.
 
 
Eu também tenho feito uso da
 
superficialidade, pois na realidade
 
sinto que não vale a pena qualquer
 
coisa com maior profundidade
 
do que sorrisos
 
e olhares asseverativos.
 
 
A exclusão opcional da
 
qual escolhi, deu-me tempo
 
e liberdade para me conhecer
 
melhor e aprender que é
 
gostoso me sentir inteira,
 
mesmo que incompleta.
 
Há sempre um modo de vida a ser escolhido.
 
 
 
 
Mari S Alexandre
Enviado por Mari S Alexandre em 25/02/2015
Reeditado em 25/07/2015
Código do texto: T5149781
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