O Anel dos Nibelungos - Parte I

Ciclo composto pelas óperas:
  1. O Ouro do Reno
    A Valquiria
    Siegfried
    O Crepúsculo dos Deuses.
Apresentação
 
Como já se disse alhures, Wagner sempre assumiu, além da parte musical, a autoria dos libretos de suas óperas.
Valendo-se de sua genialidade, também no campo literário, ele produziu obras de altíssima qualidade, como se poderá apreciar nesse ciclo de três óperas e um prólogo.
São textos que recontam antigas lendas nórdicas e germânicas acerca da epopeia vivida pelos “deuses” em consequência da maldição que lhes foi lançada após o ouro do rio Reno ter sido roubado, não obstante as advertências lamentosas que as míticas “donzelas do rio” fizeram na ocasião.
Wagner iniciou esse ciclo em 1848, sem pretender que ele tivesse os desdobramentos que teve. Inicialmente criou o poema sobre a morte de Siegfried (que acabou se transformando em Ópera) e como achou que lhe faltava algo criou “O jovem Siegfried” para relatar as peripécias do personagem, dando ao público uma visão mais precisa sobre a vida do herói semidivino. Depois, voltou a sentir que faltava mais alguma coisa em seu trabalho e criou “A Valquiria”, para contar a origem do jovem e os fatos e circunstâncias que formatavam o mundo em que ele viveu.
Posteriormente, no término da obra, voltou a ser assaltado pelo mesmo sentimento e compôs “O ouro do Reno”, contando as vicissitudes anteriores à maldição imposta aos deuses. Aqui, ele mostra a ambição de Wotan, o seu sonho megalomaníaco de construir Wahalla (equivalente ao Olimpo grego) e outros comportamentos, nem sempre elogiáveis, do panteão nórdico e germânico.
Por fim, estando em paz com os fatos precedentes, ele voltou-se para o final definitivo e escreveu “O Crepúsculo dos Deuses”, onde pontifica a destruição das divindades, o fim de Wahalla etc.
Um duro labor que lhe custou quatro anos de intensa atividade literária e poética. Iniciado em 1848, apenas em 1852 o edifício estava definitivamente construído. Maravilhosamente construído, diga-se.
Era, então, chegada a hora de criar a parte melódica. Porém, o trabalho iniciado no princípio de 1853, com as árias e instrumentações de “O ouro do Reno”, sofreu várias interrupções, mantendo-se em ritmo irregular. Houve, inclusive, um longo intervalo de doze anos, nos quais o maestro compôs “Os mestres cantores de Nuremberg” e “Tristão e Isolda”.
Enfim, o ciclo foi concluído e foi encenado primeiramente em agosto de 1876, no Teatro dos Festivais de Wagner, em Bayreuth, Baviera, Alemanha. Desde então, é uma das obras-primas do gênero.
Na sequência, publicaremos os Ensaios sobre as quatro óperas.

 
Rio de Janeiro, 15 de maio de 2015.

Lettré, l´art et la Culture. Rio de Janeiro, outono de 2015.