Óperas, guia para iniciantes - O ANEL dos NIBELUNGOS - Ópera "A Valquíria" - Wagner - Ciclo completo, 3ª Parte. Ópera "A Valquíria"

Prefácio
 
A Ópera anterior termina com Wotan e sua corte adentrando o Wahalla, aparentemente resignado com o próprio fim.
Porém, essa conformidade é apenas aparente, pois o “Rei dos Deuses” deseja ardentemente reaver o restante do ouro furtado para devolvê-lo às “donzelas do Reno” e com isso, talvez, reverter a sombria profecia que Erda havia feito acerto de seu fim.
Para tanto, ele planeja criar uma raça de semideuses, dotados de força e coragem sobrenaturais, da qual haverá de nascer um verdadeiro “herói” que será capaz de vencer em definitivo ao anão Alberich e, assim, anular a maldição que o mesmo lhe lançou.
Dessa sorte, para executar o seu plano, desce a Terra sob o pseudônimo de Wolfe ou Walse e se casa com uma mulher mortal, que lhe dá vários filhos e filhas. São crianças que desde a tenra idade revelam a sua natureza semidivina, formando uma nova estirpe a que se deu o nome de “Walsungs”.
Dentre tais crianças extraordinárias, destacam-se o menino Siegmund e a garota Sieglinde, que foram submetidos a duros exercícios e testes e se mostraram possuidores de grandes virtudes e de caracteres forjados na mais rija têmpera.
Além disso, sabendo que Alberich tudo fará para tirar de Fafner o “Anel Mágico” e destruir os deuses, Wotan incumbe as suas filhas, as Valquírias (geradas com Erda, a deusa da sabedoria), de percorrerem os campos de batalha e recolherem os corpos dos herois mortos, aos quais ele ressuscitará e proporá uma nova vida, desde que eles se comprometam a defender Wahalla de toda ameaça. É uma sábia providência, pois assim construirá um poderoso exército, formado apenas por grandes guerreiros que lhes serão eternamente gratos.
...
 
Velhos e novos personagens que Wagner incorpora à trama e que fazem a sequência desse drama esplêndido.
 
Personagens
 
Brunhilde – filha de Wotan e a mais importante das Valquírias. Interpretada por uma Soprano.
Wotan – o rei dos deuses. Interpretado por um Baixo.
Siegmund – o pai de Siegfried. Interpretado por um Tenor.
Sieglinde – a mãe de Siegfried. Interpretada por uma Mezzo Soprano.
Hunding – interpretado por um Baixo.
Fricka – interpretada por uma Mezzo Soprano.
Gerhilde – uma das Valquírias. Interpretada por uma Soprano.
Waltraute – idem. Interpretada por uma Mezzo Soprano.
Schwertleite – idem. Interpretada por uma Contralto.
Helmwige – idem. Interpretada por uma Soprano.
Grimgerde – idem. Interpretada por uma Contralto.
Rossweisse – idem. Interpretada por uma Mezzo Soprano.

Enredo

O primeiro ato é encenado na reprodução de uma casa primitiva, simples, rodeada por uma árvore gigantesca. O interior é composto por uma lareira, por um canapé forrado com peles de animais selvagens, por uma mesa central e por toscos bancos de madeira.
Uma violenta tempestade desaba sobre o lugar.
De súbito a porta é aberta com um grande estrondo e por ela entra atabalhoadamente um jovem louro. Exausto pelas andanças na floresta encharcada, o homem joga-se sobre o canapé e com o calor da lareira adormece rapidamente.
Alguns instantes depois, a tempestade diminui e de outro aposento surge uma mulher, igualmente loura, que se assusta com a presença do desconhecido adormecido. Aturdida ela o vê despertar e, também, assustar-se com a sua presença, como se a casa fosse sua e não dela.
Mais alguns instantes se passam e o mútuo assombro inicial cede lugar para uma simpatia espontânea entre ambos. Ofertando-lhe uma xícara de chá ela rompe o silêncio e ele conta que esteve enfrentando alguns inimigos que tentavam raptar as mulheres de sua tribo, até que a sua espada quebrou e ele teve que fugir da batalha.
Após ouvir-lhe, ela se apresenta como Sieglinde, esposa de Hunding. Ele se apresenta como Siegmund e acrescenta que logo irá embora, pois como sofre desde a primeira infância, não deseja que a sua má sorte cause alguma desgraça àquele lar que o acolheu.
A sinceridade do jovem a comove e ela lhe diz que não há necessidade de se apressar, nem de temer infortúnios, pois a tristeza e a amargura já estão em sua vida desde sempre.
E mais ela diria acerca de suas amarguras se nesse instante não entrasse o esposo Hunding, que, com olhar severo, inspeciona o hóspede inesperado.
Embora aquela visita lhe deixe visivelmente contrariado, Hunding está preso pelas normas da hospitalidade e, assim, não lhe resta alternativa que não seja oferecer comida e pernoite para Siegmund. Porém, durante o repasto, indaga-lhe a identidade e a origem e ao ouvir que ele vivia na floresta com o pai, mãe e irmã até que em certo dia, ao regressarem da caça, encontram a casa destruída, a mãe assassinada e a irmã raptada; tem a confirmação de que se trata de um inimigo de seu povo e que deverá ser eliminado o quanto antes.
E a sua ira e rancor contra Siegmund não amaina nem quando o jovem relata a dor que experimentou ao ver aquela cena terrível e de quanto ele e o pai sofreram ao buscarem a menina e a justa vingança contra os malfeitores que destruíram a sua família. E não lhe toca o coração à continuação do relato que o hóspede faz, ao dizer que um dia o próprio pai também desapareceu e que, desde então, ele está completamente sozinho no mundo.
Pouco lhe interessa as suas desventuras e matá-lo é o único pensamento que ocupa a sua mente.
Sieglinde, ao contrário, ouve a história fascinada e comovida, enquanto sente certo estremecimento ao sentir que aquele relato desperta-lhe confusas imagens subconscientes. Sem saber explicar racionalmente, ela sente ter parte naquela narrativa.
Ao término da refeição, Hunding reafirma o convite para que Siegmund pernoite em sua casa, mas antes que ele possa agradecer, avisa-o para que se prepare para enfrentar um desafio mortal, assim que amanhecer.
Embora não mencione explicitamente que haverá um duelo entre ambos, não é difícil para o forasteiro compreender que é disso de que se trata a ameaça. E que está numa situação terrível, já que está completamente desarmado e, portanto, sem a menor condição para se defender.
Assim, quando Hunding pede à mulher que lhe prepare a bebida habitual e depois se recolhem no quarto, toda a aflição que sente pode ser silenciosamente externada. Acomodado no canapé que lhe foi destinado, ele não consegue ter um só momento de descanso, sem saber como poderá se safar daquela situação? Como poderá, desarmado, enfrentar o temível anfitrião?
A noite custa a passar e Siegmund rola na cama sem conseguir dormir. O turbilhão em sua alma impede que tenha paz. Por fim, a sua memória traz-lhe algum conforto ao lembrá-lo da promessa feita por seu pai de que uma “poderosa espada” viria em seu socorro nos momentos mais difíceis. Uma arma invencível ser-lhe-ia confiada.
Junto com a recordação, surge uma chama mais intensa na lareira e a claridade que ela expande mostra uma grande espada, presa ao pé da árvore que sustenta a casa, mas Siegmund não a percebe e a chama volta a diminuir.
Pouco depois, silenciosamente Sieglinde aproxima-se de sua cama e lhe diz que colocou sonífero na bebida do marido e que, portanto, ele tem tempo para fugir. Porém, para o herói, a fuga é um ato execrável e não obstante os apelos da mulher ele se mantém firme na disposição de enfrentar o duelo.
Ela, vendo-o irredutível, desiste de seu plano e, então, um por um golpe do destino, avista a espada enterrada na árvore e a mostra ao jovem destemido, contando-lhe que o seu casamento com Hunding fora forçado por seus captores e que no dia da cerimônia algo estranho aconteceu: um velho homem, de cenho coberto, cravou aquela espada no tronco e desapareceu logo em seguida. Hunding e vários outros homens fortíssimos tentaram mover a arma, mas nenhum conseguiu* e desde então, ali ficou.
Siegmund a cada minuto mais se convence de que aquela é a “Espada Sagrada” de que lhe falava o pai e o ânimo se revigora em seu peito. Num ímpeto, abraça Sieglinde e vendo que um belo luar substituiu a tempestade, entoa a célebre ária “Canção da Primavera”.
Arrebatada pelo entusiasmo dele, ela proclama: sim! Aquela é “Espada Sagrada” que lhe estava destinada! E um turbilhão de emoções lhe aflora, junto com as recordações que estavam aprisionadas em seu subconsciente. Sim, ela o reconhece como o seu querido irmão; assim como reconhece, que o homem misterioso que esteve em suas núpcias e cravou a espada na árvore era o pai de ambos. Era Wolf (Wolse), o grande patriarca dos Walsungs.
Siegmund não consegue conter o seu próprio entusiasmo e com incrível facilidade arranca a Espada da árvore e a batiza de “Nottung (necessária)”. Em seguida, abraça a irmã e ambos fogem pela mata.
É o fim do primeiro ato.

§§§

O cenário do segundo ato reproduz o solo áspero de uma montanha. Uma paisagem rochosa e sem encantos.
Logo no início surge Brunhilde, a Valquíria predileta de seu pai, Wotan.
Trajada e armada como audaz guerreira, ela lança seu grito de guerra conclamando suas irmãs (as Valquírias, filhas de Wotan e de Erda, a deusa da sabedoria) a lutarem em defesa de Walhalla, a morada dos deuses.
Logo após surge o “rei dos deuses” e, novamente, o assunto entre pai e filha gira em torno do roubo do ouro do rio Reno e da maldição lançada por Alberich contra quem possuir o tesouro; o quê, no caso, significa os próprios deuses, já que eles ficaram com a fortuna, após a terem tomado do anão Nibelungo.
Em seguida, Wotan diz à filha que doravante a sua missão será defender o jovem Siegmund, da raça semidivina dos Walsungs, que está prestes a duelar contra Hunding, pois, nele repousa a maior esperança de salvação para o panteão divino. Assim, ao defendê-lo, Brunhilde estará defendendo a si própria e aos seus.
A bela Valquíria ouve a argumentação do pai e se prepara para partir, mas é obstada pela chegada de Fricka, mulher de Wotan e “deusa do lar e do casamento” que, justamente por isso, não pode concordar com a determinação do marido, vez que ela, naturalmente, é contrária à dissolução de qualquer matrimônio e/ou lar, mesmo que o casamento seja espúrio e infeliz, como o de Sieglinde e Hunding.
Afinal, pondera, se ela concordasse com esses rompimentos, como os mortais poderiam confiar nas orientações de uma deusa que se contradiz? Seria a ruína total para ela e, por extensão, para todos os deuses, haja vista que eles só existem enquanto alguém acreditar em suas existências.
Wotan acha-se em um terrível impasse, pois sabe que Fricka está correta, mas, por outro lado, sabe que se Siegmund morrer no duelo, será o fim da esperança de salvar-se da temida maldição.
Após refletir brevemente, ele vê que a argumentação da esposa é racional, sólida e inelutável e, assim, promete-lhe que mudará as ordens que dera a Brunhilde, que passará, então, a proteger Hunding, apesar de sua canalhice.
À Valquíria não cabe questionar, mas ela percebe na expressão do pai um abatimento, uma aflição e um temor que, até então, nem sonhara existir. Valendo-se de sua primogenitura e do afeto que o pai lhe dispensa, ela quebra o protocolo familiar e indaga-lhe o motivo de tanta amargura e tristeza.
Amargurado, ele confessa ter sucumbido à cobiça extrema ao mandar erguer Walhalla e conta do roubo do ouro do Reno e da maldição que Alberich lançou-lhes por ter terem furtado o seu “Anel mágico”. Também lhe fala de seu plano de utilizar-se de Siegmund, que graças à sua natureza semidivina seria a derradeira esperança para a salvação dos deuses etc. Por fim, diz da alteração nos planos em face da intervenção de Fricka e de como isso encerra a sua esperança.
São confissões amargas e, também, aterradoras. Brunhilde pede-lhe que a deixe proteger a Siegmund a despeito da opinião de Fricka, mas ele se mantém firme e diz que a sua promessa não pode ser quebrada.
Nesse instante, antes de Wotan partir e deixar Brunhilde sozinha, ambos veem que na base da montanha os contendores já iniciaram a penosa escalada.
No caminho, Siegmund carrega Sieglinde nos braços, que, em prantos, demonstra o paroxismo de sua tensão, a qual chega até a atrapalhar a marcha do casal.
Exausto, em certo trecho, ele a coloca em uma rocha para descansar, esperando que a sua histeria encontre algum alivio com o repouso.
Nesse momento as luzes vão diminuindo até que todo o palco seja tomado pela penumbra. De repente, um facho de luz ilumina a figura fantasmagórica de Brunhilde que estaca à frente de Siegmund.
Sem demonstrar medo ou surpresa, o jovem herói pergunta-lhe a identidade e o que deseja? A Valquíria responde que apenas os homens que morrerão em combate é que conseguem vê-a e que, portanto, ela veio oferecer-lhe um lugar em Walhalla, após o seu passamento, onde ele gozara de mil delicias e viverá eternamente.
Siegmund pergunta-lhe se ele poderá levar Sieglinde consigo e ante a negativa de Brunhilde ele declina do convite dizendo que não pode ir aonde a sua irmã não seja aceita, pois ele nunca a abandonaria.
Seu amor e cuidado fraternal e a sua coragem sensibilizam o coração da Valquíria, que passa a cogitar desobedecer ao seu pai Wotan e protegê-lo durante o duelo. Será uma desobediência inédita, mas ela acredita na correção de sua escolha e na compreensão paterna. E tão repentinamente quanto veio, volta para seu manto de invisibilidade.
Entrementes, as luzes que haviam voltado à carga máxima recomeçam a diminuir, mas dessa vez para simbolizar a proximidade da noite, cujo silêncio é quebrado pelo som, cada vez mais próximo, da trompa de Hunding.
Por fim, os inimigos estão frente a frente e o vigor dos golpes que trocam produz brilhantes clarões que permitem ao público vislumbrar a ferocidade do duelo. Ao fundo, o ribombar dos trovões acentua o clima de violência extrema.
Brunhilde tudo faz para proteger Siegmund, mas, de chofre, a aparição de uma potente luz vermelha indica a chegada de Wotan, que logo percebe que o duelo está sendo vencido por Siegmund (tanto por méritos próprios quanto pela ajuda da Valquíria) e, sem opção, arremessa a sua lança sobre a espada do jovem Walsung, reduzindo-a a pequenos pedaços.
Novamente Siegmund se vê desarmado e à mercê do oponente, que não vacila em lhe trespassar o coração. A morte do amado filho semideus causa uma enorme tristeza em Wotan, que, como para se vingar, mata Hunding sem qualquer cerimônia.
Nisso, Brunhilde corre ao encontro de Sieglinde e levando-a nos braços foge apressada, pois sabe que Wotan estará à sua procura para castigar-lhe pela desobediência.
É o fim do terceiro ato.

§§§

O terceiro ato é encenado na representação dos altos montes que servem de ponto de encontro para as Valquírias. Nesse trecho da Ópera acontece um dos ápices melódicos de Wagner, quando a orquestra executa a célebre “Cavalgada das Valquírias”.
Entre pesadas nuvens movediças, representando que a ação se passa no firmamento, as Valquírias, urram selvagens gritos de alegria, enquanto cumprem a pesada missão de transportar dos campos de batalha para o Palácio de Wahalla os herois tombados em combate, nas diversas partes do mundo.
Todas estão em cena, exceto Brunhilde, cuja chegada causa estranheza por não estar trazendo um herói, mas, sim, uma mulher e ainda viva.
Passado o espanto inicial, ela apresenta-lhe Sieglinde e relata às irmãs a luta entre Siegmund e Hunding e a ira que se apossou de Wotan em razão de sua desobediência. São noticias que causam uma grande agitação e aflição, já que todas temem pela sorte da primogênita.
Enquanto isso, Sieglinde reafirma o seu desejo de morrer, já que sobreviver a Siegmund tornou-se um pesado fardo sem sentido. Tornou-se um enorme castigo. Brunhilde implora que tire tais ideias da mente, pois a ela está reservada a missão de gerar o super-herói que haverá de resgatar a grandeza dos deuses. Essa informação cala fundo em sua alma e seu estado de ânimo muda completamente. Então, ela diz estar pronta a tudo suportar para cumprir o seu destino. E que tudo fará para estar à altura do acontecimento.
As Valquírias sugerem que se esconda em uma caverna na floresta, cuja proximidade com o covil que abriga Fafner, transfigurado em dragão, impede a aproximação de Wotan. Que lá ela fique até que nasça o seu filho.
Sieglinde prepara-se para partir, mas antes que saia, Brunhilde entrega-lhe os pedaços da espada que Siegmund utilizou e que foi quebrada por Wotan. Pede-lhe que os guarde para que quando o seu filho crescer, ele possa refundi-la e utilizá-la para vencer a todos os inimigos.
Logo depois, raios luminosos e os acordes impetuosos da orquestra indicam a chegada do “rei dos deuses” que busca por Brunhilde, a quem as irmãs tentam inutilmente esconder.
Imperiosamente ele ordena que ela se apresente e a predileta das Valquírias, corajosamente, coloca-se à sua frente e se ajoelha aos seus pés, pedindo-lhe perdão, pois acha que o seu erro não tenha sido tão grande que não possa ser perdoado.
Ante a argumentação e a expressão de sua filha mais amada, o pai Wotan estremece e sente que a ira está sendo substituída pela compaixão. Porém, ele não pode fraquejar, ainda que isso lhe cause tanta dor. Então, ele a castiga, retirando-lhe o dom da imortalidade e os outros atributos divinos.
Brunhilde será adormecida sobre uma rocha e só despertará quando for beijada por um homem que a tomará por esposa.
Resignada, a ex-Valquíria aceita a sua sorte, mas pede que o seu leito seja constantemente cercado por poderosas labaredas de fogo e que somente a beije e a tome como mulher, o homem que vencer tal barreira, pois, assim, ela saberá que estará casando-se com um homem virtuoso, corajoso e realmente interessado em amá-la.
Acontece, nesse instante, outro momento musical deslumbrante, pois a ária com a qual Wotan se despede da filha tornou-se uma peça referencial no mundo operístico. A tristeza torna-se quase que palpável e os tristes tons de Wotan se misturam com a inflexibilidade cruel do destino. É, realmente, uma cena que comove a todos que a assistem.
Wotan atende aos seus pedidos e deposita a filha adormecida** sob um solitário pinheiro. Depois, com extremo carinho, guarnece sua cabeça com um elmo e dispõe sobre seu corpo um grande escudo e em sua mão uma poderosa lança.
Novamente a orquestra atua de maneira magistral executando a melodia “do sono” e o clima volta a ser de pura emoção.
Depois, Wotan convoca Loge, o deus do fogo, para que ele guarnece o local com uma barreira de fogo que seja intransponível para os homens comuns e, pesarosamente, se retira.
Enormes chamas cercam a ex-Valquíria e a orquestra faz a sua terceira e esplêndida intervenção ao executar o fabuloso “Tema do Fogo”.
Tem-se, pois, o desenrolar de uma cena impactante, cujos efeitos sonoros e visuais causam um verdadeiro arrebatamento no público, que, em geral, demora algum tempo para voltar a si e retribuir com generosos aplausos a essa obra magnífica.
E assim encerra-se a Ópera.

Nota do Autor* – nesse ponto o leitor (a) não deixou de perceber a semelhança com a história de Excalibur e do rei Arthur.

 
Nota do Autor** – Brunhilde será despertada por Siegfried, filho de Siegmund e de Sieglinde, o protagonista da Ópera seguinte do ciclo do “O Anel dos Nibelungos”.

Lettré, l´art et la Culture. Rio de Janeiro, outono de 2015.