Rochedo Solitário

Ao romper da alvorada encontro-me assentado no rochedo, sendo surpreendido pelos raios solares, que pouco a pouco refletem os seus efeitos no mar. Das árvores próximas chega aos meus ouvidos a orquestra canora de pássaros multicores.

Meus pensamentos esvoaçam, dispersando-se nas águas, que são profundas como o amor que sinto, como a saudade que me aperta, entreabrindo meus lábios em um suspiro inaudível.

Ao longe diviso um barco pesqueiro em sua faina diária; próximos de mim cardumes fazem uma coreografia que só eles entendem, mas que envergonharia qualquer bailarina. Por causa do longo tempo assentado, sinto uma dormência nas nádegas, mas o que importa é que o coração está febril, ativo.

Os sons da natureza se fundem, com a música que ouço no rádio que trago comigo; ora ouço o cantor sertanejo cantar o seu amor; ora ouço ondas furiosas do mar virem arrebentar-se aos meus, pés num murmúrio que entendo e compreendo ser saudade.

Imagino que toda esta profusão de sentidos e imagens poderia ser o paraíso, se você estivesse presente. E mesmo que estivéssemos no local mais inabitável do planeta, a sua presença o transformaria em um Jardim do Éden, com as bênçãos de Deus.

Passam as horas...Sou despertado por gritos que me chamam para irmos embora, me despeço do meu lugar com uma lágrima furtiva, que só a saudade presenciou. E ao levantar-me o juramento: Voltarei amanhã!