Entrando atirando para perder o selinho!

Admiro caracteres pulando na telinha. Formando palavras, adquirindo forma e contexto. Transformando-me num escritor. Bela pretensão!

Comunidade de escritores, recanto das letras. Apresentado por uma amiga fui fuçar... e não gostei! Impressão real de ser um bando de pessoas mal resolvidas, feias, em busca de exposição, colocando freneticamente textos repletos de formas rebuscadas. Conteúdos questionáveis. Comentários elogiosos e melosos demais.

Tá bom! Não sei o quanto sou bem resolvido. Bonitinho que só! Escrevo, gosto quando não tem forma, só conteúdo. Mas é raro! E normalmente não sei sobre o que escrever, a síndrome da folha em branco por vezes se faz presente (normalmente quando coloco a fantasia de escritor). Talvez eu não vá me sentir tão deslocado assim...

Mas não gosto de comentários simpatiquinhos. Nem de elogios. Tenho mente inquieta! Quero críticas, como as faço de forma construtiva! Quero crescer, evoluir. Entender a inveja quando impactado com textos que me ajudam a refletir, incomodem, emocionem. E poder fazer o mesmo! Bela pretensão com tempero de falsa modéstia.

E aqui estou eu! Encadeando caracteres. Procurando pela fantasia de escritor. Querendo entender a razão disto tudo.

Qual o sentido? De escrever e publicar. Escrever e publicar. Desnudar a alma e sem qualquer pudor a expor neste insondável universo virtual. Sou tímido...

Qual o sentido de procurar o sentido? De questionar? Para nós, mentes questionadoras, isso é inerente à vida. Mas há quem não queira tirar os pés do chão. Será que é para essas pessoas que escrevo?

Já que dei início tenho que fechar o ciclo. Tirar o selinho de forma emblemática. Pretensão? Nananinanão!!!!

Não é fácil, o povo daqui escreve demais! Multiplica temáticas, reinventa formas e esquece do tempo. Aposto que tem louça acumulada na pia! Mas escreve! O quanto de vida tem atrás de tudo o que é produzido? O quanto realmente se aproveita? Que histórias, experiências, alegrias, dores são puras e nos elevam? Quantas não estão contaminadas pela hipocrisia e alimentam mentes, excitam pensamentos, nos arrepiam?

Vou dar então minha contribuição, lavar a louça! Tirando os pés do chão. Eu quero! Não quebrar nada...

E me lembrei daquele voo, “você tem asas?”, era a pergunta que abria a cena. Depois o convite a vir comigo numa viagem pelo céu, de palavras cruzando o horizonte até avistar a montanha. Que só eu sabia da existência.

O pouso na vegetação rasteira, suave. O cheiro do mato, silvestre. Respiramos, trocamos impressões.

Falo da gruta, aponto a direção. Caminhamos, suspense. A entrada, ar abafado, luz difusa.

Como eu havia esquecido?

A descoberta do espaço surreal encravado na montanha sempre era acompanhado de estranheza. Montar o cenário e encontrar um lago de águas tépidas parecia loucura. Mas o convite para conhecer aquelas águas, se aperceber da temperatura e densidade, começava a despertar sentidos.

A visão da luz, a forma como ela nascia, a cor que parecia brotar de cada espaço era poeticamente entendida.

Os corpos se viam a dançar. Dentro d’água. As roupas boiavam e a dança ia adquirindo um contorno erótico. Era a hora do outro lado dirigir a cena, usar as asas. Entender. A imaginação.

Que viagem! Quantas viagens... procuras. Quanto tempo... Um tempo que não passou. A montanha continua lá! Ao meu alcance. Agora pode ser sua também. Coloque as asas! E mergulhe nas águas... fundo!

Perdi o selinho do escritor sem texto publicado. Obrigado por ter chegado até aqui. E guardar seu elogio meloso para o próximo texto que ler... afinal, é apenas um textinho de iniciante. Que venham as críticas!

Fernando Antunes
Enviado por Fernando Antunes em 05/09/2015
Reeditado em 11/09/2015
Código do texto: T5371608
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