Como descobri que os 7x1 foram orquestrados de forma maquiavélica

Aê hein? Atraído(a) por um título puro marketing... quem diria! Mas já que está aqui, foi fotografado e sairá na capa dos principais jornais de fofoca amanhã, aproveite e leia meu segundo ensaio. Se fizer crítica construtiva no final posso pensar em desconsiderar sua foto. Se ficar tentado a elogios melosos fu...ja das bancas de jornais!

Missão de alienação • Papo cabeça

Pior esse título, não? Mas missão rima casadinho com alienação, tenho que impressionar neste primeiro momento. Não sou íntimo de rimas, mas estou me esforçando. Foco na alienação! E no papo cabeça...

Esta missão deveria apontar menos para o que me levou a abraçar a alienação e mais das providências necessárias para obter êxito nesta empreitada. Mas vamos aos conceitos...

Estamos numa busca acelerada para ter NOVA opinião formada sobre tudo. A VELHA fazia contraponto à metamorfose ambulante, anos 70, está démodé, out! Lemos jornais, revistas, blogs, portais de notícias, artigos da imprensa internacional, cartas do tarot... colocamos pilhas alcalinas na bola de cristal. E... batata! O espelho orgulhosamente exibe um cara sabido! Ou uma mulher na frente do seu tempo...

Não é tão batata assim. Tem o lance da mandioca que virou moda depois que a última eleição trouxe a política bipolar para as mesas de bar. Descobrimos que nunca se roubou tanto na história deste país! E que tem um organismo oficial, devidamente credenciado junto ao INMETRO, que mede a roubalheira! Enquanto isso petralhas e tucanalhas vão fazer o clássico do próximo final de semana, casa cheia, final de campeonato! Lembrando que nem só de política vivem as mesas de bar! Há o futebol, os 7x1... melhor não perder o foco!

Não frequento essas mesas mas andava um pouco incomodado com o que delas ecoava. Esse incomodo passou a me deixar embrulhado. E a coisa foi crescendo! Até que...

Veio o vômito! O expurgo! Depois da limpeza interna decidi que não queria saber de mais nada! Só guardar as pilhas e transformar a bola num aquário de um peixinho só. E de mentirinha, plástico, mais fácil de cuidar. Dei a ele o nome de Ramório, o Senador! Era para ser meio que uma piada, não gostou, não entendeu? Então a bola de cristal é sua! Sem pilhas!

Não quero mais saber se meu time ganhou ou perdeu. Já fui flamengo, vasco e depois voltei a ser flamengo. Mas isso é uma história compriiiiiida. O fato é que nunca impactou em nada na minha vida ser torcedor de um monte de cuecas correndo atrás de uma bola. Agora só ficou mais evidente.

Não quero mais saber de política tupiniquim! Daquela que quanto mais julgamos saber, menos temos certeza que as informações que nos chegam são confiáveis. Não quero mais me sentir uma marionete. Mas para eleição de síndico, presidente do clube que frequento estou dentro! Só quero ir até onde meu umbigo enxerga!

Lembrei agora que num dos últimos carnavais estava eu, minha família e outros casais nas areias de uma praia carioca. Alguém falou que o Papa tinha renunciado... eu arregalei os olhos e perguntei -o que ele andou aprontando? Me desculpem, saiu! E todos os presentes me olharam espantados e em coro perguntaram -em que mundo você vive???? Era o prenuncio do que estou contemplando agora: quero viver num mundo onde se o Papa quer encarar ou jogar a toalha, não importa. Se ele é negro, branco, se a fumacinha que o anuncia é cinza ou branca, se tem sangue azul europeu ou é... Argentino (!!??!!), nada disso importa! Meu umbigo não enxerga esses horizontes. Nem quando eu for na Itália! Vou querer comer pizza! Na fonte! Jogando moedinha já sabendo que terei de suar para ter meu desejo atendido.

Não quero ver imagens se repetindo até à exaustão mostrando um mundo feito de... humanos. Que destroem humanos e seu próprio habitat. Não quero saber do mundo! Seus terroristas, suas Zonas, sua economia que gera otimismos ou medos. Seus dramas absurdos de guerras ou nada a noticiar de paz. De uma imprensa que tem que nos alimentar, inundar de informações multinacionais, globalizadas. Nem sei direito onde fica a Ucrânia, Malásia, Indonésia... se um avião caiu ou sumiu por aquelas bandas, só sei que nem o waze sabe me levar lá!

Não quero saber o que a atração fatal pelo vil metal consegue desencadear na maioria dos humanos pouco evoluídos. Aprendi que quase tudo gira ao redor disso.

Não quero mais saber de avanços da ciência, de novas pesquisas e remédios que estarão em breve à disposição de nós pobres mortais. Já me conformei com minha calvície! E a indústria farmacêutica me dá medo. Mas nenhum remédio que já sou obrigado a tomar, todo o dia, combate isso. Meus medos ainda podem ser controlados por esta mente inquieta que vos escreve, ela é voltada para o equilíbrio.

Faz um bom tempo que não vejo televisão. Programas enlatados não me diziam quase nada. Séries sensacionais ainda menos. Os roteiristas estão indo ao extremo da criatividade para oferecer variadas opções de entretenimento, do riso ao choro. Da elaborada ficção científica ao piegas água com açúcar. Eles fazem de tudo para te prender.

Quero liberdade, meu umbigo quer outro tipo de entretenimento. Ele valoriza mais a companhia que o filme. Ele quer bater papo, não propriamente sobre um filme, muito menos sobre uma série. Por mais interessante que ela seja, normalmente não tem nenhum impacto direto sobre nossas vidas. Essa vida que já nos desafia tanto, inúmeros temas para discutir. E isso é divertido. Muito!

Enfim, as providências! À distância da TV, jornais e revista, de nossa isenta imprensa tupiniquim, juntei todos os links para blogs e portais de notícias que figuravam nos favoritos dos browsers. Nada mais de grupos do whatsapp. Muito menos de polêmicas e controvérsias com relação a assuntos que meu umbigo não contempla.

Ler e entender o que me agrada. Escrever e deixar fluir o que transpiro. Curtir bons papos. Isso me basta!

E deixa o cotidiano do trabalho mais leve. A vida mais leve.

Adotei a alienação, a paisagem vai tomando suavemente novos contornos. Meu olhar está mais atento. E profundo. O umbigo agradece!

Não vou mais tentar mudar o mundo. Só viver, tranquilo. Bem presente no micromundo que me rodeia. Nele, e por ele, quero mudar. Evoluir! Mesmo no estágio de auto alienado beleza.

Junte-se a mim e vamos descobrir como os 7x1 foram maquiavelicamente orquestrados... para não impactarem absolutamente em nada na nossa vida! Foi fácil!

Fernando Antunes
Enviado por Fernando Antunes em 12/09/2015
Reeditado em 12/09/2015
Código do texto: T5379455
Classificação de conteúdo: seguro