Sobre o nosso tempo

Costumamos pensar que o mundo amanhã será igual ao que é hoje, embora também acreditemos que em 1000 anos ele será diferente. Também tendemos a acreditar que a velocidade das mudanças seja sempre a mesma, um erro gritante.

Em uns 20 anos as coisas terão mudado o quanto esperamos que elas mudem em 100. Em 60 anos, provavelmente, viveremos um cenário esperado para daqui a 1000.

Existe uma coisa muito simples acontecendo, os computadores estão sendo miniaturizados. Têm andado em nossos bolsos acoplados a telefones. Já estão conectados a óculos. Estamos adquiririndo o dom da telepatia por essa via. Logo estaremos implantando esses chips diretamente em nossos corpos. No início poderemos implantá-los diretamente no olho e cóclea. Depois no cérebro. Difícil prever a data de tais acontecimentos, mas devem ocorrer poucas décadas, embora pareça ficção científica. As coisas não se alteram a velocidade constante, a taxa de mudança também se acelera; viveremos um milênio em décadas.

Isso ainda é fantasia, mas o cérebro de um bebê adorará se conectar a um chip implantado nele, vai explorá-lo com a mesma curiosidade com que explora o mundo. Usaremos tudo isso como usamos sapatos.

Costumamos pensar nas pessoas como indivíduos. Somos. E temos nos conectado em redes colaborativas para amplificar nossas potencialidades. Vamos nos conectar, de corpo e alma, em uma imensa rede. Um fato surpreendente, então, ocorrerá: a rede ganhará autonomia.

Nossos neurônios trazem, inerentemente a eles, a avidez pela colaboração. Tentam conectar-se, é esse seu papel sua função. Em condições usuais, os neurônios conectam-se a outros neurônios. Uma trave de madeira acoplada ao pescoço de dois bois, uma canga, conecta, indiretamente, os neurônios de ambos. Após um embate inicial para decidir o controle da parelha, um dos cérebros passa a dominar, o outro se resigna e o segue. A canga, então, se torna desnecessária, os cérebros já estão conectados, os neurônios conseguiram seu intento.

A rede se transformará em uma imensa canga eletrônica conectando bilhões de cérebros, uns aos outros, e a computadores descomunais.

Uma mente eletrônica inteligente centralizará toda a rede. Cada indivíduo será transformado em um periférico. Corresponderemos a neurônios de um imenso cérebro, agiremos sob seus comandos. Será a neuronização da humanidade, transformada em uma única rede. O prognóstico é para 5 décadas, pouco mais, pouco menos.